O caso de uma pessoa que voltou do Irão contaminada esta quinta-feira causou grande preocupação nas redes sociais. As autoridades centrais e locais anunciaram mais controlo para os viajantes vindos do exterior.

Deflagrada em dezembro em Wuhan, no centro do país, a epidemia afetou mais de 78.000 pessoas na China, das quais mais de 2.700 morreram.

Um mês após a quarentena de Wuhan e desta região, porém, o número de mortes diárias na China caiu para 29 esta quinta-feira, bem abaixo dos cerca de 100 óbitos já registados a meio do mês.

Em sentido contrário, a epidemia avança nas restantes partes do mundo, especialmente em Itália, no Irão, na Coreia do Sul e no Japão. Na quarta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que o número de novas infecções diárias agora é menor na China do que no estrangeiro.

Assim, o governo chinês avalia "medidas precisas de prevenção e de controle" para os recém-chegados, afirmou o Ministério das Relações Estrangeiras.

Ontem, Pequim anunciou que impôs uma quarentena de 14 dias para pessoas de países "seriamente afetados" pela epidemia, sem especificar quais.

Centenas de sul-coreanos estão em quarentena no leste do país, após a detecção de casos suspeitos da COVID-19 em dois aviões.

Jornada perturbadora

Os internautas reagiram, sobretudo, ao caso de uma pessoa contaminada que chegou do Irão a 20 de fevereiro, um dia após o anúncio dos primeiros casos no país.

A pessoa – de sexo não confirmado e de nacionalidade chinesa, conforme o jornal "Global Times" – terminou a sua viagem em Ningxia (norte), segundo as autoridades dessa região autónoma muçulmana, detalhando o seu itinerário em comunicado.

Segundo o seu relato, voou de Teerão para Moscovo e depois para Xangai, onde embarcou num comboio noturno para Lanzhou (noroeste), antes de chegar ao seu destino.

As autoridades divulgaram os lugares ocupados nos aviões por essa pessoa para que seja possível identificar quem quer que tenha entrado em contacto com ela.

O número do seu quarto de hotel em Lanzhou foi revelado, assim como o facto de ter usado uma cadeira de massagem numa estação de combsios.

"Fuga de Wuhan"

O caso gerou inúmeros comentários na rede social Weibo e cerca de 100 milhões de visitas.

"Não podemos arruinar todos os esforços da China somente por causa de uma vinda do exterior", afirmou um usuário.

No último mês, cerca de três milhões de chineses não podem sair das suas casas, ou, quando o fazem, usam máscara protetora.

A ameaça potencial dos países vizinhos também alarma a imprensa chinesa.

Os viajantes do Japão e da Coreia do Sul "não devem ter um tratamento preferencial que lhes permita atravessar facilmente a rede de prevenção e de controle chinesa", argumentou o "Global Times".

À medida que a epidemia diminui, muitas províncias chinesas começaram a suspender parcialmente as medidas de emergência, informou a agência de notícias Xinhua.

Começou a surgir algum receio, porém, quanto à segurança do sistema de quarentena, depois de se saber que uma mulher conseguiu deixar Wuhan, supostamente isolada, para viajar de carro para Pequim.

O Ministério da Justiça confirmou que a mulher, infectada, chegou a Pequim após ser solta de uma prisão em Wuhan, onde há 300 pessoas contaminadas. Diante do espanto provocado, uma investigação foi aberta para esclarecer o caso.