A partir de setembro os médicos vão substituir o registo em papel das certidões de óbito por inscrições numa plataforma na Internet, permitindo um rápido e permanente acompanhamento dos óbitos e suas causas, disse ontem o diretor-geral da Saúde.

“A partir de setembro, em lugar de modelo de papel, os médicos vão passar a preencher os certificados de óbito numa plataforma de Internet. Isto vai permitir acompanhar a evolução no plano quantitativo e das causas de morte com grande rigor e de uma forma permanente”, afirmou à Lusa o diretor-geral da Saúde, Francisco George.

O sistema atual de certificação de óbitos em Portugal é antigo, contando com mais de um século de existência, e Francisco George reconhece que “não permite analisar de forma precisa” aqueles fenómenos.

O novo sistema é “muito inovador”, segundo o diretor-geral, e já foi votado na Assembleia da República para entrar em vigor em setembro deste ano.

“Agora temos estimativas, depois passaremos a ter o fenómeno acompanhado de forma permanente”, frisou Francisco George, salientando que a mortalidade é um fenómeno com um comportamento cíclico e marcadamente sazonal.

O Boletim de Vigilância Epidemiológica referente à semana entre 13 e 19 de fevereiro contabiliza três mil mortes em Portugal, mais mortalidade do que nas duas semanas anteriores quando o INSA já assumia que a mortalidade semanal estava a registar valores «acima do esperado».

O diretor-geral de Saúde explica que, tal como noutros países do hemisfério norte, em Portugal morre-se mais nos meses frios do que nos meses quentes. A média de mortalidade em junho, que é de cerca de oito mil, é muito diferente da que se verifica em janeiro, que pode ultrapassar os 14 mil.

“Há uma marcada influência da estação do ano no que respeita à distribuição de óbitos. Agora, o que se verificou é um excesso de mortalidade, identificado, mas num sistema baseado em estimativas”, ressalvou.

Estas previsões mostram um excesso de mortes, em relação ao habitual, e que Francisco George admite que “seguramente” está relacionado com as semanas frias do ano, a partir da quarta ou quinta semana de janeiro, quando é mais intensa a circulação de vírus respiratórios.

“Muito provavelmente não é o frio que mata, mas sim as infeções respiratórias, sobretudo gripe, em doentes de idade avançada não vacinados”, concluiu.

O ministro da Saúde, Paulo Macedo, afirmou sábado que os dados revelados sobre o aumento da mortalidade em Portugal nas últimas semanas vão ser alvo de uma análise e salientou que o importante é que a situação foi detetada, está a ser acompanhada e vai ser alvo de uma análise, para que se descubram os motivos que originaram um pico anormal de mortalidade nas últimas semanas em Portugal.

27 de fevereiro de 2012

@Lusa