Segundo o relatório semanal sobre a situação da epidemia de Zika, hoje divulgado, entre 22 de outubro do ano passado e 02 de abril deste ano, o Brasil registou 6.906 casos suspeitos de microcefalia ou malformações do sistema nervoso central, o que contrasta com o período entre 2001 e 2014, durante o qual se registava uma média anual de 163 casos.
Dos 6.906 casos, 2.860 foram investigados e em 1.046 há de facto microcefalia com indícios de infeção congénita.
O relatório da OMS sublinha que, "com base num crescente número de investigações preliminares, existe consenso científico de que o vírus do Zika é uma causa de microcefalia e de síndroma de Guillain-Barré".
Os casos de microcefalia e de malformações do sistema nervoso central foram detetados em 21 dos 27 Estados do Brasil, mas o maior aumento está concentrado na região do nordeste.
De entre os 6.906 cases registados, 227 bebés acabaram por morrer, após o nascimento ou ainda durante a gravidez. Em 51 dos casos de morte confirmou-se a microcefalia ou malformação associada à infeção congénita.
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O relatório da OMS informa também que, até 05 de abril, foram analisadas 801 amostras de casos suspeitos de Zika em Cabo Verde e em 206 delas confirmou-se a infeção.
Os casos confirmados de infeção pelo vírus do Zika foram detetados em Santiago, a ilha mais afetada, mas também nas ilhas do Fogo, Maio Brava e Boa Vista.
A distribuição dos casos suspeitos e confirmados mostra que os primeiros casos confirmados foram identificados na última semana de agosto, o pico do surto foi na semana de 01 de novembro e a incidência está agora em queda.
Entre outubro de 2015 e março de 2016, 87 mulheres grávidas foram sujeitas a testes de diagnóstico do vírus e 19 acusaram a presença do vírus ou do anticorpo.
Desde 2007, seis países já registaram casos locais de microcefalia ou malformações potencialmente associadas ao vírus do Zika - Brasil (1046 casos), Cabo Verde (dois casos), Colômbia (sete casos), Polinésia Francesa (oito casos), Martinica (três casos) e Panamá (um caso).
Há ainda dois casos ligados a estadias no Brasil, um detetado nos EUA e outro na Eslovénia.
Quanto ao síndroma de Guillain-Barré (SGB), uma doença neurológica grave, a OMS diz que 13 países ou territórios em todo o mundo já registaram aumentos da incidência da doença e/ou confirmação laboratorial de infeção por Zika entre casos de SGB.
Em 2015, 42 casos de SGB foram registados no estado brasileiro da Bahia, entre os quais 26 (62%) tinham um historial de sintomas consistentes com a infeção pelo vírus do Zika.
Um total de 1.708 casos de SGB foi registado em todo o Brasil, o que representa um aumento de 19% face ao ano anterior (1.439 casos em 2014).
Desde que foi confirmada a presença do vírus do Zika na América do Sul, em 2015, a sua dispersão geográfica aumentou continuamente, tendo já sido registada a transmissão do vírus através de mosquitos em 33 países e territórios daquela região.
O vírus do Zika, transmitido pelo mosquito 'Aedes aegypti', provoca sintomas gripais benignos, mas está também associado a microcefalia, doença em que os bebés nascem com o crânio anormalmente pequeno e défice intelectual, assim como ao síndroma de Guillain-Barré, uma doença neurológica grave.
O Brasil, o país mais afetado pelo surto de Zika, já registou mais de um milhão e meio de casos.
Recentemente, um especialista da OMS explicou que o número de casos de microcefalia poderá ascender a mais de 2.500 no nordeste do Brasil.
O diretor do departamento de saúde materna, infantil e adolescente da OMS, Anthony Costello, explicou que até agora 39 por cento dos casos suspeitos de microcefalia se confirmaram.
"Se esta taxa se mantiver, estimamos que sejam 2.527 os casos atuais de microcefalia", explicou Costello aos jornalistas a 22 de março.
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