A Fundação Champalimaud lançou o programa de diagnóstico precoce do Mesotelioma Pleural Maligno (MPM) por exposição ocupacional ao Amianto, uma iniciativa conjunta em parceria com a associação SOS Amianto.

O novo programa tem como objetivo aumentar a deteção do MPM, concentrando-se nos trabalhadores das Fábricas de Fibrocimento em Portugal que foram expostos ao amianto desde a década de 60 do século XX, abrangendo, para já, um total de cerca de 200 pessoas já identificadas pela SOS Amianto.

O que é o Mesotelioma Pleural Maligno?

O MPM é um tipo de tumor maligno da pleura associado à exposição contínua ao amianto com sintomas não específicos, tendo por isso um diagnóstico difícil. O diagnóstico precoce é, por isso, crucial para aumentar as probabilidades de tratamento bem-sucedido. Os sintomas mais comuns, como falta de ar, dor no peito, perda de peso e fadiga, geralmente só aparecem em fases avançadas da doença, o que pode levar à confusão com outras doenças do trato respiratório.

A mortalidade desta doença é muito elevada a nível mundial, sendo cerca de 92.500 casos por ano.
De acordo com Jorge Cruz, cirurgião da Unidade de Pulmão da Fundação Champalimaud que está a liderar este Programa, “atualmente Portugal regista apenas cerca de 38 casos registados por ano de MPM, devido à falta de diagnóstico, um valor manifestamente abaixo de outros países ocidentais”.

“Para melhorar a resposta no tratamento desta doença é necessário criar uma estratégia de diagnóstico precoce e desenvolver as estratégias terapêuticas, nomeadamente a cirurgia”, acrescenta.

Pico da doença até 2040

Apesar de o MPM já estar incluído na lista das doenças profissionais em Portugal, apenas 3% dos casos são notificados, uma vez que a comunicação como doença profissional não é obrigatória. Com a proibição da produção de materiais com amianto na Comunidade Europeia em 2005, prevê-se que o pico desta doença ocorra entre 2020 e 2040.

O Programa de Diagnóstico Precoce do MPM da Fundação Champalimaud utilizará uma abordagem inovadora, o método de análise de metabolitos voláteis no ar exalado da respiração. Trata-se de um método não invasivo realizado apenas com recurso ao sopro. Será depois complementado com uma TAC torácica de baixa dose. Esta abordagem não invasiva permitirá identificar padrões de compostos voláteis orgânicos que podem corresponder a perfis típicos da doença, tornando o rastreio possível e o diagnóstico mais preciso e acessível.

Neste momento, não existe um protocolo de diagnóstico precoce do MPM em Portugal pelo que a Fundação Champalimaud irá iniciar um estudo prospectivo pioneiro, representando um passo importante na melhoria da deteção e tratamento desta doença.