O Serviço de Pneumologia do São João dá início a procedimentos de broncoscopia com navegação eletromagnética, com vista a melhorar a capacidade de diagnóstico precoce do cancro do pulmão com possibilidade de terapêutica cirúrgica curativa. “Esta inovação é importante numa altura em que se discute a implementação de um programa de rastreio do cancro do pulmão, que coloca uma nova pressão sobre os serviços para a realização de biópsias.”, explica Venceslau Hespanhol, diretor do serviço de Pneumologia.
“A aquisição deste equipamento representa um enorme avanço no diagnóstico precoce do cancro do pulmão, permitindo realizar biópsias de nódulos pulmonares periféricos inferiores a 2 cm, habitualmente ocultos na broncoscopia convencional.”, acrescenta Helder Novais e Bastos, pneumologista do São João.
Assim, o serviço de Pneumologia é dotado de uma capacidade de diagnóstico mais célere, fruto da possibilidade de identificar o nódulo pulmonar sem necessidade de realização de biópsia aspirativa. Deste modo, o serviço passa a realizar a biópsia de nódulo pulmonar por Endoscopia e Ecoendoscopia, o que reduz o tempo até ao tratamento e representa um ganho de eficiência, uma vez que permite a realização dos procedimentos em simultâneo, evitando uma segunda vinda do doente à ULS São João e, consequentemente, a necessidade de um tempo anestésico adicional. Além disso, esta abordagem por via endoscópica apresenta uma taxa de complicações bastante inferior à taxa associada à realização de biópsia aspirativa, passando de 16% para 3%.
“Estamos empenhados na prestação de cuidados mais avançados e com tecnologia de ponta à nossa população. Este foi o primeiro equipamento da sua geração a entrar em funcionamento em Portugal, apresentando maior precisão do que as versões anteriores, com uma rentabilidade diagnóstica mais próxima da biópsia transtorácica guiada por TAC.”, explica Helder Novais e Bastos.
Nesta primeira fase de implementação da navegação eletromagnética, foram selecionados doentes com base na elevada suspeita de lesões pulmonares malígnas e a quem a biopsia transtorácica apresenta maior risco de complicações pela localização das lesões.
A redução do tempo entre a suspeita inicial de lesão e o início do tratamento torna-se premente quando se pensa que a reduzida taxa de sobrevivência reflete a grande percentagem de doentes diagnosticados com doença localmente avançada ou metastática. Quando a doença é diagnosticada em estados mais avançados, a taxa de sobrevivência aos 5 anos é de apenas 6%. Com um diagnóstico mais célere, com a doença localizada, a taxa de sobrevivência sobe para os 60%. Estima-se que cerca de 24% dos casos identificados em Portugal se encontram em estádio localmente avançado e cerca de 59% com doença metastática.
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