O cancro pancreático afeta cerca de 1.300 pessoas por ano e, apesar dos números serem inferiores quando comparados com outras doenças, a mortalidade deste cancro é sobreponível à incidência, com uma taxa de sobrevivência inferior a 10%, diz Vítor Neves, em Portugal, o presidente da Europacolon Portugal.

Os sintomas a estar atento

Cor amarelada da pele (icterícia), dor abdominal, dor na zona dorsal, aparecimento de diabetes, perda de peso inexplicável, alterações dos hábitos intestinais e náuseas são alguns dos principais sintomas do cancro do pâncreas.

“Não há rastreio do cancro do pâncreas, portanto, devemos caminhar para a execução de um diagnóstico precoce e aumentar a sensibilização, para que os médicos consigam identificar os sintomas e fazer um exame complementar de despiste do cancro”, frisou.

Também o Grupo de Investigação do Cancro Digestivo (GICD) alerta que é preciso “fazer mais” para poder mudar o futuro dos doentes com cancro do pâncreas, cujo diagnóstico significa uma perda de 98% da esperança de vida. A doença é a quarta principal causa de morte por cancro, sendo o único cancro em que se regista um aumento da mortalidade em Portugal.

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Em comunicado, o presidente do GICD, Hélder Mansinho, defende uma maior aposta no diagnóstico precoce e na informação dos profissionais de saúde e população. “Portugal e a Europa têm que começar a mudar a forma como olham para o cancro do pâncreas e a desafiar a estratégia existente neste cancro em particular”, afirma, salientando que “as pessoas continuam a chegar muito tarde ao médico e desvalorizam os sintomas da doença, o que leva a diagnósticos mais tardios e menor possibilidade de tratamento e sobrevida”.

Importância do diagnóstico precoce

Os doentes com cancro do pâncreas perdem 98% da sua esperança de vida no momento do diagnóstico, uma vez que é associado a uma sentença de morte, sendo a sobrevivência a cinco anos inferior a 5%. “Um diagnóstico e tratamento precoce podem levar ao aumento da sobrevivência. Mas todos temos um papel a desempenhar nesta mudança”, salienta.

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Cor amarelada da pele (icterícia), dor abdominal, dor na zona dorsal, aparecimento de diabetes, perda de peso inexplicável, alterações dos hábitos intestinais e náuseas são alguns dos principais sintomas do cancro do pâncreas. Os fatores de risco para desenvolvimento da doença são a idade, o tabagismo que é responsável por um terço dos casos da doença, o histórico familiar de incidência desta doença, a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas e sucessivas pancreatites.

“Os sintomas são de certa forma silenciosos, em parte, pela localização do tumor e porque, normalmente, podem coincidir com más disposições e doenças que os médicos desvalorizam, adiando o seu diagnóstico. Ao serem desvalorizados os sintomas, a doença agrava-se, sendo apenas detetada nas urgências dos hospitais, quando o doente começa a ficar em estado agudo”, esclarece Vítor Neves.

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Os doentes de risco do cancro pancreático são pessoas com mais de 50 anos, fumadores, consumidores de bebidas alcoólicas ou que tem um histórico na família de vários tipos de cancro, doenças inflamatórias intestinais e pancreatite. Quanto aos principais sintomas desta doença, são, sobretudo, dores na coluna dorsal, náuseas, depressões ou o aparecimento de diabetes.

Motivar a indústria

Para Vítor Neves, é “fundamental motivar” a indústria farmacêutica, mas também os institutos de investigação pública, para a “pesquisa de marcadores que possam dar meios de haver um rastreio prévio a esta doença”.

“Até agora só 2% do dinheiro que se investe em investigação oncológica é dedicado ao cancro pancreático. Em 2018, a investigação está ao nível do que estava há 40 anos, isto porque não há casuística suficiente que justifique ou retorno”, sublinhou.

No Dia Mundial do Cancro do Pâncreas, o Cristo Rei ficará iluminado de roxo.