O tema vai ser debatido hoje em Lisboa no fórum “Saber mais para Apoiar Melhor”, organizado pela Plataforma Saúde em Diálogo, que pretende colocar na agenda “políticas de saúde centradas no cidadão, com claros benefícios para a eficácia e a sustentabilidade de todo o sistema de saúde, e pretende que se passe das palavras à ação”, refere a organização.
Em declarações à agência Lusa, a presidente da direção da Plataforma Saúde em Diálogo, Maria do Rosário Zincke, defendeu que “uma aposta séria num registo único de dados em Saúde significa ganhos significativos na saúde” para todos.
“Estamos a falar da informação sobre a nossa saúde e que, com o nosso consentimento livre e esclarecido, possa ser partilhada por diversos níveis de cuidados”, nomeadamente hospitalares e cuidados de saúde primários.
Rosário Zincke referiu que, se a informação circular pelos vários níveis de cuidados, evitar-se-á duplicação de exames, através de um maior controlo na prescrição de exames complementares e tratamentos prescritos por outros profissionais ou entidades de saúde, públicas e privadas, contribuindo para o aumento da eficiência e sustentabilidade do sistema.
“A centralização de dados em saúde facilitará também a circulação dos cidadãos entre as unidades de saúde e os vários níveis de cuidados, e otimiza a jornada do utente que, em todo o percurso, vê registada a informação essencial pelos diferentes profissionais de saúde, evitando lapsos e redundâncias, o que garante uma maior confiança no sistema de saúde como um todo”, sublinha a organização.
Por outro lado, o utente passará ainda a ter acesso ao seu historial clínico, abandonando o modelo de detenção dos dados por parte dos profissionais e das instituições de saúde, “o que promove a transparência e uma maior responsabilização de todos na gestão dos dados, desde os profissionais de saúde aos cidadãos”.
Rosário Zincke está confiante no avanço do registo único de dados com o “empurrão muito significativo” do Plano de Recuperação e Resiliência.
“Há agora um compromisso do Estado português no sentido de apostar nas ferramentas informáticas e também neste aspeto muito específico”, disse, salientando que a preocupação das associações é que se concretize “no mais curto espaço de tempo possível e que seja o mais abrangente possível”.
Para a presidente da Plataforma em Diálogo, que reúne 64 organizações, importa que a informação circule em “todo o sistema de saúde”.
“Nós somos livres de recorrer ao SNS, aos cuidados privados ou mesmo na área social (…) e este é um dos aspetos sobre os quais vamos incidir com mais convicção”, declarou.
No fórum, promovido pela plataforma, em parceria com a Novartis, participam os presidentes da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, Xavier Barreto, e dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, “individualidades muito importantes para que o registo único se concretize efetivamente”.
Além desta sessão, serão realizadas mais duas, uma dedicada ao cuidador informal e outra “à cidadania e doença crónica”.
“Escolhemos temas muito específicos para cada uma das sessões para os poder tratar de forma exaustiva” e “criar recomendações que promovam a mudança”, sublinhou.
Comentários