A APCC divulgou hoje um estudo que analisou os custos inerentes aos tratamentos dos cancros realizados em ambulatório e internamento nos hospitais públicos do Continente, entre 2011 e 2015, que representaram 118 milhões de euros nos “cancros de pele não melanoma” e 23,9 milhões de euros nos casos de melanoma.

Dos doentes analisados 6.567 tinham diagnóstico de melanoma e 45.479 tinham cancros de pele não melanoma (carcinomas basocelulares e carcinomas espinocelulares), refere o estudo apresentado hoje no encontro promovido pela APCC para apresentar as iniciativas do Dia do Euromelanoma, celebrado este ano em Portugal a 16 de maio.

A APCC pretendeu com este estudo “sensibilizar mais uma vez as autoridades para a necessidade de saber os números reais dos números de cancros de pele”, disse o presidente da associação, Osvaldo Correia.

“Muitos dos cancros de pele não são tratados nos hospitais públicos, mas nos hospitais públicos os custos ascenderam a 140 milhões de euros em quatro anos", disse à agência Lusa Osvaldo Correia.

10 a 12 vezes mais frequentes do que o melanoma

Os custos mais elevados no tratamento dos cancros de pele não melanoma devem-se ao facto de serem carcinomas “muito mais frequentes do que o melanoma”, disse o dermatologista, sublinhando que existe “uma subnotificação elevada” dos carcinomas basocelulares e espinocelulares, que se estimam ser 10 a 12 vezes mais frequentes do que o melanoma.

O melanoma, apesar de “ser o mais temido, se for tratado e diagnosticado precocemente é curável. Se for diagnosticado tardiamente obriga a tratamento mais onerosos”, sublinhou.

Para o dermatologista, “a cifra de 118 milhões de euros” tem que “refletir-se na necessidade de um registo efetivo dos cancros de pele não melanoma nos registos oncológicos”.

“Se não tivermos notificação no registo oncológico de todos os cancros de pele não melanoma é impossível dotar de recursos humanos e de recursos financeiros os hospitais públicos e o custo é muitas vezes ignorado e então existe sobredotação de recursos financeiros e não existem especialistas que possam atempadamente tratar estes cancros de pele”, sublinhou.

O registo “é essencial para esta planificação”, rematou.

Presente no encontro, o subdiretor-geral da Saúde, Diogo Cruz, disse que o registo “está operacional” e a dar “os números que deveriam dar”.

“Estamos a fazer melhoramentos ao registo para ser possível dar cada vez melhores dados”, disse Diogo Cruz aos jornalistas, adiantando que o processo de criar o registo único em vez dos regionais deverá estar concluído até ao final do ano.