A associação portuguesa realizou a sua primeira missão humanitária à Guiné-Bissau em 2019 e desde então já realizou mais de 250 cirurgias e formação em várias áreas.

“Nestes quatro anos, considero que foi uma evolução muito grande a todos os níveis, considero que o hospital Simão Mendes, nesta nossa última visita, melhorou imenso”, afirmou a enfermeira Paula Eira.

Para a enfermeira, as melhorias não são só visíveis nas estruturas físicas, mas também nos profissionais, em termos de “empenho e profissionalismo”.

“Melhorou imenso e chegamos aqui e já sentimos que há uma preocupação com a higienização. Na primeira missão lembro-me que havia um cheiro característico a doença. Agora, chegamos aqui e há uma noção e uma preocupação destes profissionais em trabalharem num ambiente higienizado, que é a base de tudo”, salientou.

A mesma opinião é partilhada pelo enfermeiro José Sousa, que considera que as condições “estão muito melhores do que eram há quatro anos”.

“Viemos cá para os ajudar e temos de pensar que além do trabalho cirúrgico estão a acontecer formações, estão a acontecer cuidados de reabilitação. Isso tudo está a acontecer em simultâneo. Penso que conseguimos atingir aquilo a que nos propusemos para 15 dias e deixar cá sempre uma sementinha, ficar alguma coisa que mude os comportamentos”, disse.

Apesar das melhorias registadas, a equipa foi confrontada com situações “muito complexas” e que não estão relacionadas com eventuais maus tratamentos hospitalares, disse o médico Vítor Finisterra.

“O que encontrámos aqui foram situações complexas que ainda não estavam resolvidas e que nos levaram a executar cirurgias sempre complexas”, afirmou o médico.

“Não esperava encontrar tantos casos complicados, é uma realidade triste. As autoridades têm de fazer um trabalho de fundo e isto não tem a ver com o mau tratamento no hospital, constatamos que a maior parte dos doentes que contactámos já apareceram no hospital com duas semanas ou um mês. Andaram na medicina tradicional”, disse.

Para Vítor Finisterra, as autoridades guineenses têm uma grande função que é “sensibilizar as pessoas que perante um trauma” devem de ir ao hospital, “porque, por pior que possam ser tratadas, vão sempre ser mais bem tratadas no que na medicina tradicional”.

A equipa, que esteve no país entre 26 de março e 10 de abril, incluiu três ortopedistas, três anestesistas, seis enfermeiros, e uma farmacêutica para formação e logística.

A Associação Bisturi Humanitário, juntamente com a Sociedade Portuguesa de Hipertensão, deve regressar em maio a Bissau para fazer uma semana de rastreio à hipertensão, que é uma patologia muito frequente no país e em África, e fazer um estudo, para tentar desenvolver um projeto.