Ao longo de 12 anos, esta organização sem fins lucrativos sedeada na Áustria permitiu a realização de 123 projetos de investigação em universidades de referência. Tudo começou no seio de uma família austríaca ligada aos desportos motorizados. Hannes – filho do Bicampeão do Mundo de Motocross Heinz Kinigadner – ficou paraplégico em 2003, na sequência de uma queda de moto.

Foi a partir deste drama pessoal que Kinigadner avançou, em julho de 2004, para a criação da Fundação Wings for Life, contando para isso com o apoio do seu amigo e fundador da Red Bull, Dietrich Mateschitz. "Admito que o impulso crucial para lançar a fundação foi de ordem pessoal, no entanto todas as descobertas e tratamentos que resultarem dos nossos projetos de investigação vão ficar disponíveis para todas as pessoas afetadas", diz Heinz Kinigadner.

A Fundação Wings for Life nascia assim com um objetivo muito claro – encontrar a cura para as lesões na espinal medula, um problema que afeta mais de três milhões de pessoas em todo o mundo.

Mesmo com um crescimento anual de 130 mil novos casos (mais de 50% das lesões são causadas por acidentes de viação) esta patologia não é considerada “generalizada”. Tendo em conta o reduzido interesse da indústria farmacêutica neste setor, a Wings for Life tem concentrado todos os esforços no financiamento de projetos de investigação promissores – procurando não apenas a cura definitiva, mas também formas de melhorar a qualidade de vida dos doentes.

Até hoje foram apoiados, um total de 123 projetos à escala global, liderados por equipas de cientistas das mais reputadas instituições. São disso exemplo a Universidade de Cambridge (Reino Unido), a Harvard Medical School (EUA), o Instituto Karolinska (Suécia) ou o Charité Berlin (Alemanha).

O comité científico da Fundação Wings for Life está convicto de que é uma questão de tempo para alcançar a desejada cura – uma percepção que se baseia nas descobertas do início dos anos 90 em que ficou provado que as células nervosas da espinal-medula, danificadas após uma lesão, têm a capacidade de regeneração depois de sujeitas a um tipo de tratamento específico.

Tendo em conta o seu caráter benévolo e o facto de não ter qualquer fins lucrativos, a fundação Wings for Life depende inteiramente de donativo, 100% canalizados para a investigação. Além da Wings for Life World Run, criada em 2014 e à qual Portugal também se juntou, muita da visibilidade do projeto tem sido possível graças ao apoio de inúmeras figuras públicas.

O trabalho da fundação Wings for Life constitui um motivo de esperança para milhões, como explica o embaixador português da Wings for Life World Run, Nuno Vitorino, atleta do surf adaptado que sofreu uma lesão na espinal medula há 20 anos. "Estou muito confiante no trabalho que está a ser desenvolvido e acredito que vai ter mesmo efeitos práticos. Acho que o sonho de voltar a andar é cada vez mais real, por isso é muito importante o apoio e contribuição de todos para esta causa", comenta.