Segundo documentos confidenciais dos serviços sanitários holandeses, aos quais aquele jornal francês teve acesso, entre 800 mil e 1,6 milhões de alimentos para animais de consumo humano estão potencialmente contaminados com OGM.

Uma porta-voz da Comissão Europeia confirmou à AFP que as autoridades já tinham sido alertadas para o facto. "Confirmo que o RASFF (sigla em inglês de sistema de alerta rápido para a alimentação) foi ativado. Confirmo que os alertas estão relacionados com os OGM mencionados pelo Le Monde".

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Riboflavina, um corante alimentar

O produto em questão é um aditivo alimentar para animais, a vitamina B2, também chamada de "riboflavina (80%)". Segundo o jornal, a descoberta deste problema por um laboratório alemão remonta a 2015, num lote fabricado na China.

A riboflavina favorece o metabolismo das gorduras, açúcares e proteínas e é utilizada como corante alimentar, ou seja, para dar um aspeto aparentemente mais saudável à carne.

Em março de 2018, a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) publicou um primeiro relatório apontando o "risco" para "animais, consumidores, cidadãos e meio ambiente", segundo o jornal.

A Comissão Europeia suspendeu a autorização dos OGM em 19 de setembro e pediu a sua retirada do mercado a 10 de novembro. Mas a matéria perigosa já se disseminou por toda a cadeia agroindustrial, chegando potencialmente ao consumidor humano.

Segundo o jornal, há lotes contaminados com OGM na Alemanha, Noruega, Rússia, Finlândia, Islândia e França.

O que são os OGM?

Os organismos geneticamente modificados podem ser definidos como organismos (plantas ou animais) nos quais o material genético (DNA) foi alterado de um modo que não ocorre na natureza por reprodução ou recombinação natural. A tecnologia é denominada frequentemente “biotecnologia moderna” ou “engenharia genética” e permite que genes selecionados individualmente sejam transferidos de um organismo para outro, mesmo em espécies não relacionadas, com o objectivo de acrescentar novas características à espécie que já existia naturalmente.

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Para produzir estes organismos, também designados transgénicos, não se transfere apenas o gene ou genes que vão induzir determinadas características. É necessário também um marcador (que permita a distinção entre os organismos manipulados e os outros) e um promotor e terminador (que permitam “copiar” o gene para o novo organismo).

Segundo a Direção-Geral da SAúde (DGS), a probabilidade de existirem riscos para a saúde humana por contaminação através de OGM ou produtos obtidos a partir de OGM é tanto mais elevada quanto mais frequente e/ou mais prolongada fôr a exposição a estes organismos como é o caso dos trabalhadores que fazem manipulação, transporte e identificação de OGMs e, especialmente, quando estes constituem ingredientes alimentares ou alimentos destinados ao consumo humano.

Não obstante, os transgénicos fazem parte cada vez mais da nossa realidade quotidiana. Neste momento, já existem diversos alimentos geneticamente modificados. Alimentamo-nos, sem o sabermos na maioria das vezes, de plantas transgénicas e de animais alimentados com rações geneticamente modificadas. O milho e a soja constituem o grosso de plantas transgénicas. Mas também se produzem, entre outros, algodão, chicória e colza geneticamente modificados. Já existem animais geneticamente modificados embora até à data não sejam comercializados.