Lisboa, Porto, Cascais e Sintra são alguns dos municípios que proíbem a população de alimentar os pombos da cidade e aplicam coimas aos infratores. Na capital, por exemplo, a coima pode chegar aos mil euros.
Qual o perigo de alimentar pombos?
O fornecimento de alimentos que não os da dieta tradicional, e em grande quantidade, leva à reprodução descontrolada dos pombos. A situação contribui também para a multiplicação dos dejetos destes animais, os quais estão na origem da maior parte dos problemas a eles associados.
O principal risco para a saúde pública é o perigo de transmissão de doenças a pessoas (zoonose), como a criptococose, através das fezes destas aves. O risco de contágio é maior nas camadas mais vulneráveis da população: crianças, idosos e pessoas com sistemas imunitários enfraquecidos, como os doentes de cancro ou VIH/sida.
A criptococose é uma doença provocada por um fungo presente nas fezes dos pombos. Quando os esporos desse fungo são inalados, há comprometimento inicial do pulmão que se consegue espalhar para outros locais do corpo por meio da corrente sanguínea, podendo atingir o sistema nervoso e resultar em meningite, que é uma grave complicação da criptococose. Trata-se de um fungo oportunista, o que significa que uma pessoa saudável raramente desenvolve esta doença, mesmo com níveis de exposição elevados. As pessoas com um sistema imunitário comprometido são as que correm maior risco de infeção.
O contacto com fezes secas, ectoparasitas e penas pode ainda causar problemas alérgicos e respiratórios, entre outros.
Reprodução descontrolada de pombos: prevenção
A Câmara Municipal de Lisboa, que desenvolve várias ações para controlar a população de pombos da cidade, aponta ainda os problemas de urbanismo e estética que a reprodução descontrolada pode originar. A par do mau aspeto que dão a estátuas e edifícios, as fezes do animal têm efeito corrosivo sobre bronzes e cantarias. Outro risco potencial é o de inundações, provocadas pelo entupimento de sarjetas e algerozes com restos de ninhos, dejetos e animais mortos.
Em Lisboa, a autarquia desenvolve várias ações com o objetivo de prevenir problemas de saúde pública, nomeadamente capturas calendarizadas, criação de pombais contracetivos e o envio de amostras de pombos capturados para o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) para pesquisa de agentes patogénicos, incluindo vírus da “gripe aviária”.
Um artigo originalmente publicado no site da DECO PROTESTE.
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