Por que é importante uma alimentação ajustada ao doente oncológico?

A alimentação pode ser um aliado para as pessoas com cancro porque a manutenção de um bom estado nutricional garante um maior sucesso do tratamento, seja ele médico ou cirúrgico.

Para tal é importante a avaliação do estado nutricional e objetivos nutricionais no momento de diagnóstico oncológico, como em diferentes fases do tratamento ou sempre que a situação clínica se altere.

De que forma foram pensadas as 100 receitas presentes no livro "Receitas e conselhos para doentes oncológicos”?

“Receitas e Conselhos de Saúde para Doentes Oncológicos” é um livro que junta o conhecimento científico de profissionais de saúde da CUF à experiência na área alimentar de especialistas em nutrição do Pingo Doce. As 100 receitas foram pensadas tendo em conta 2 pressupostos chave: Por um lado, o modelo de adesão ao padrão mediterrânico, cujos benefícios para a saúde estão comprovados cientificamente. Por outro lado, atender aos sintomas mais prevalentes durante os tratamentos dos doentes oncológicos. Assim, o livro aplica os princípios da dieta mediterrânica a vários sintomas apresentados pelos doentes oncológicos, com o objetivo de os apoiar a ultrapassar a doença e as suas consequências.

Telmo Severo Barroso, nutricionista no Hospital CUF Descobertas - CUF Oncologia
Telmo Severo Barroso, nutricionista no Hospital CUF Descobertas - CUF Oncologia

Então, é possível usar alimentos como aliados no tratamento do cancro?

Sim, quer no contexto da prevenção quer no contexto do tratamento.

No que respeita à prevenção, importa deixar claro que uma alimentação variada, completa e equilibrada - quer na frequência, como nas quantidades, lado a lado com a prática desportiva, permite manter uma boa saúde e diminuir o risco de desenvolver alguns tipos de cancro.

Aliado ao tratamento, o fornecimento de uma alimentação que cumpra as necessidades nutricionais do doente é fundamental - e aqui destaco que nem sempre a quantidade é uma mais valia. Têm que haver uma adaptação alimentar nas várias fases do tratamento. É necessário uma nutrição equilibrada, capaz de fornecer proteínas, lípidos e glícidos, para além dos macro e micronutrientes, em que a qualidade dos alimentos pode fazer a diferença. Deve adequar-se a consistência e confecção dos alimentos ao perfil de cada doente, promovendo a manutenção da sua composição corporal.

Há alimentos proibidos, por exemplo?

Não há alimentos proibidos, mas existem alimentos que devem ser condicionados, quer na frequência quer na quantidade, nomeadamente as carnes vermelhas e os alimentos processados.

Escolhendo um dos principais sintomas associados ao cancro, pode exemplificar que tipo de escolhas alimentares promovem um impacto nutricional positivo para os doentes oncológicos?

Um dos  sintomas associado ao cancro é a alteração da sensação do olfato, nomeadamente, maior percepção de odor. Este sintoma ocorre, geralmente, após a realização dos tratamentos de quimioterapia e/ou radioterapia (principalmente na zona da cabeça e pescoço), tendo impacto no estado nutricional e na qualidade de vida do doente.

Algumas estratégias para lidar com a alteração do olfato consistem em:

  • Servir as refeições a uma temperatura baixa ou ambiente, visto que diminui o odor proveniente das mesmas, tornando-se mais fácil de tolerar;
  • Para reduzir odores, opte por tapar bebidas, beber com uma palhinha ou por utilizar alimentos que não precisam de ser cozinhados;
  • Se tiver diminuído a ingestão de algum alimento devido ao cheiro, sugiro que procure substituir por outros alimentos do mesmo grupo (por exemplo, em vez de carne vermelha ou peixe, consumir frango, peru, ovos, leguminosas, entre outros);
  • Limitar cheiros que sejam demasiado intensos para si. Nesse caso, evite refeições que estejam excessivamente temperadas ou que deixem um aroma intenso quando cozinhadas; opte por saladas ou refeições tipo snack.
  • Experimente novos alimentos e bebidas quando se sente bem. Atualmente, poderá preferir outros alimentos que antes não apreciava muito ou que nunca experimentou e vice-versa.
  • As bebidas aromatizadas podem ser reconfortantes e podem amenizar o cheiro desconfortável de outros alimentos
  • Consumir fruta e legumes frescos, que poderão ser mais apetecíveis que os enlatados ou congelados;
O livro está disponível para venda nas lojas Pingo Doce
No dia 2 de fevereiro o livro estará disponível para venda nas lojas Pingo Doce

Pela sua experiência enquanto profissional de saúde, quais as principais preocupações e dúvidas com a alimentação por parte dos doentes? De que forma o livro, hoje lançado, vem dar resposta a estas dúvidas?

As principais preocupações dos doentes prendem-se essencialmente às questões: " que dieta devo seguir?" e “quais os alimentos proibidos?”. Este livro, tem como finalidade aplicar de forma prática os princípios do padrão alimentar mediterrânico às necessidades e desafios do doente oncológico.

É fundamental que as pessoas com cancro revejam a sua dieta? Em Portugal existe essa possibilidade ou há desigualdades nesse acesso?

É importante que os doentes que estão em tratamento tenham acompanhamento nutricional para que seja possível adequar as necessidades nutricionais nas várias etapas da doença, assim como ajudar a ultrapassar as fases em que os sintomas com impacto nutricional possam ser uma dificuldade, quer na ingestão, quer na absorção dos nutrientes. E, em caso de dúvidas ou necessidade de orientação sobre questões alimentares, os doentes devem questionar a equipa médica que os acompanha.

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