A agência da ONU observou que o consumo de álcool é atribuível a uma em cada 20 mortes no mundo anualmente devido a acidentes de trânsito, problemas de dependência e doenças cardiovasculares, cancro ou cirrose.
O relatório, baseado em dados de 2019, as últimas estatísticas disponíveis, estima que 2,6 milhões de mortes no mundo registadas nesse ano são atribuídas ao consumo de álcool e que os homens representam quase 75% das mortes.
"O consumo de substâncias prejudica gravemente a saúde de uma pessoa, aumenta o risco de doenças crônicas, problemas de saúde mental e, infelizmente, causa milhões de mortes evitáveis", afirmou o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em comunicado.
A OMS destacou que houve "uma certa redução no consumo de álcool e nos danos relacionados em todo o mundo desde 2010", mas que as consequências sociais e os encargos para os sistemas de saúde permanecem "inaceitavelmente altos".
O relatório revela que os jovens são afetados de forma desproporcional e que o grupo mais prejudicado, que corresponde a 13% das mortes, é o dos indivíduos entre os 20 e os 39 anos.
Cancro e acidentes de trânsito
O consumo de álcool está vinculado a doenças como a cirrose e a alguns tipos de cancro.
Do total de mortes atribuíveis ao álcool em 2019, 474 mil foram por doenças cardiovasculares e 401 mil por diversos tipos de cancro. Para além disso, foram registadas 724 mil mortes devido a lesões, seja por acidentes de trânsito ou por automutilação, indicou a OMS.
A dependência desta substância também torna as pessoas mais suscetíveis a contrair doenças infeciosas como tuberculose, HIV ou pneumonia.
Globalmente, cerca de 209 milhões de pessoas sofriam de dependência de álcool em 2019, o que corresponde a 3,7% da população mundial.
A região com a maior taxa de consumo per capita é a Europa, seguida pelas Américas.
Estigma e discriminação
Os entrevistados que relataram consumir álcool relataram a ingestão em média de 27 gramas por dia, o que equivale a duas taças de vinho. Adicionalmente, 38% dos consumidores declararam que no último mês consumiram álcool em grandes quantidades em uma ou duas ocasiões.
A nível global, 23,5% dos jovens entre os 15 e os 19 anos definem-se como consumidores habituais, número que chega a 45% na Europa e quase 44% nos países das Américas.
A OMS apelou à melhoria do acesso a programas de qualidade para tratar a dependência.
"O estigma, a discriminação e os conceitos errados sobre a eficácia dos tratamentos contribuem para estas lacunas na prestação de tratamento", disse aos jornalistas Vladimir Poznyak, chefe da divisão de álcool, drogas e comportamento de dependência da OMS.
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