Meados de julho de 2024 mais um acidente de trabalho mortal de um jovem trabalhador português (também atleta de futsal), desta vez na Suíça e envolvendo o trabalho em estruturas (andaimes) na área da Construção Civil. Mais um triste exemplo de um acidente nesse sector de actividade económica, ainda que num dos países mais ricos da Europa. A perspectiva simplista dirá que os portugueses atraem os acidentes de trabalho, mas uma visão mais robusta de análise dirá simplesmente que quase um quarto da população activa Suíça é portuguesa e mais ainda no sector da Construção Civil e, “caricaturando”, só são vítimas potenciais quem aí trabalha.
Será infortúnio (ou falta de sorte) ou, APENAS, insuficiente cumprimento de regras de segurança e incompleto enquadramento normativo de tal tipo de actividade de montagem de estruturas. Pelo menos, tal não será suficiente para melhorar as normas de SST que reduzam, tendencialmente a zero, tal tipo de acontecimentos?
Quantas mais mortes serão necessárias para que qualquer trabalho em altura seja executado no respeito pelas normas de segurança que reduzam (outra vez) esse risco tendencialmente a zero?
No mundo do trabalho, fazemos tudo o que deve ser feito em matéria de prevenção dos acidentes de trabalho, designadamente no trabalho em altura?
As normas e regras da Saúde e Segurança do Trabalho são respeitadas nesse domínio? e suficientemente auditadas?
Será suficiente, a diversos níveis, o controlo da aplicação das normas e regras?
A comunicação de risco e a formação dos trabalhadores nesse domínio serão realizadas de forma sistemática e com grande empenho dos empregadores, também na Suíça?
Será aceitável “suportar” tais mortes totalmente evitáveis e o ror de anos de vida perdidos?
Poderiam colocar-se muitas outras questões em relação à ocorrência destes dramáticos acontecimentos, mas o propósito de mais esta reflexão é tão somente mais uma tentativa de acrescentar mais “massa crítica” nesse domínio. É que, pelo menos no meu entendimento, pode-se fazer bem mais do que fazemos em Portugal, na Suíça ou em qualquer outro país.
Apenas numa abordagem académica, o empenho colocado na sua prevenção seria o mesmo se as vítimas, em vez de trabalhadores da Construção Civil, fossem trabalhadores bem mais “valiosos” ou, caricaturalmente CEOs ou PDGs?
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