Em declarações à Lusa, o morador António Rodrigues descreveu que "amiúde" sai água "vermelha, com cheiro a sangue e a podre" das tampas de saneamento ali situadas, sendo que os moradores atribuem a presença de sangue na água a uma empresa de carnes situada na freguesia de Gavião.

À Lusa, a autarquia, através do vereador do Ambiente, Pedro Sena, confirmou os episódios de "retorno e transbordo" de água naquela área "devido ao entupimento de canais", atribuindo o facto ao "mau uso da rede de saneamento doméstico", uma vez que, segundo explicou, a empresa em causa "funciona dentro das regras" exigidas.

Já segundo o morador a situação “acontece amiúde” e “sai água com sangue, vermelha, das tampas e deixa a rua com um cheiro nauseabundo. Aliado a isso é um cenário horripilante porque os carros a passar atiram água para todo o lado e sujam-se paredes e pessoas", descreveu o morador.

O autarca Pedro Sena reconheceu que "não é uma situação agradável, como não é qualquer entupimento, embora este como terá sangue seja mais chocante a nível visual".

Segundo o responsável, "a situação mal foi detetada foi corrigida, em menos de uma hora já estava tudo normalizado", mas os moradores temem que esteja em causa um problema de saúde pública.

Risco para a saúde pública

"Há sempre questões de risco para a saúde pública numa situação como esta mas o que quero realçar é que tanto a autarquia, como a TRATAVE [empresa responsável pelo tratamento de efluentes industriais em Famalicão] estão a par da situação e a reforçar a fiscalização", disse.

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Quanto ao motivo que levou ao retorno e transbordo de água, o vereador apontou o uso indevido do saneamento público: "Pode haver vários motivos. Mas há muito mau uso da rede. Encontram-se fraldas, toalhitas, pensos higiénicos, até pedras ou tábuas, coisas que as pessoas insistem em atirar para a rede, que se amontoam e levam ao entupimento", apontou.

O vereador explicou ainda que "em alguns sítios a rede de saneamento é mista [cruza o uso doméstico e o uso industrial], sendo esse o caso, e é por isso que é possível que os efluentes daquela empresa acabem misturados com o retorno e transbordo da rede doméstica".

Além do mau uso da rede por parte da população, Pedro Sena admitiu que pode haver "algum problema na própria rede", pelo que a autarquia famalicense já tomou medidas para "averiguar com exatidão" o que se passa.

"Pode haver algo mais complexo e estamos a ver isso. Estamos a fazer filmagens no tubo que entupiu para despistar qualquer problema ou defeito", adiantou.

Pedro Sena fez ainda questão de deixar um pedido à população: "Há que ter bom senso e cuidado no uso da rede de saneamento, ter cuidado com os resíduos que se deita para a rede para se evitar situações como esta, que embora controlada admito que cause transtornos à população".

Contactada pela Lusa, a TRATAVE, através de um dos seus responsáveis, Rolando Faria, assegurou que a empresa em causa "tem as condições mínimas de descarga" e que "não detetou qualquer anomalia".