Xavier Barreto falava à Lusa a propósito do primeiro aniversário da posse da Direção Executivo do SNS, assinalado hoje, e comentou declarações do deputado social-democrata Miguel Santos, que ao Observador disse que, caso o PSD vença as eleições, vai avaliar a extinção desta entidade, por considerar “pouco lógico que haja duas lideranças dentro do Ministério da Saúde”.
“Alguns partidos têm dito que podem vir a acabar com a Direção Executiva se forem Governo. Eu não vou fazer nenhum juízo sobre isso. Nós não entramos, obviamente, na política (…) mas o que eu posso dizer é que hoje, mais do que nunca, é evidente a importância que teria termos um pacto de regime entre os principais partidos da nossa democracia para construir uma ideia conjunta de desenvolvimento do Serviço Nacional de Saúde”, defendeu.
O administrador hospitalar disse que “é absolutamente incompreensível” para quem está no terreno que de “um ano para o outro se mudem as ideias, se mude a estrutura, se mude o modelo de governação, se mude tudo, eventualmente desperdiçando o trabalho que as equipas andaram fazer durante um ano”.
Xavier Barreto ressalvou que não está a dizer quem está certo, se foi quem criou a Direção Executiva, liderada pelo médico Fernando Araújo, ou quem defende agora a sua extinção.
“Não estou a fazer nenhum juízo sobre isso. O próprio Governo também podia ter chamado os partidos da oposição e ter chegado a um consenso” sobre a criação e a missão da Direção Executiva do SNS para não se chegar agora a esta situação.
“Era uma outra forma de ter feito esta reforma, esta mudança, mas isso não foi feito, o que depois legitima que alguém venha agora dizer que, se formos Governo, vamos fazer completamente diferente”, lamentou.
Xavier Barreto salientou que quem sofre com esta situação é “quem está no terreno, que esteve durante um ano a trabalhar na preparação e na criação de unidades locais de saúde”.
“Isto não é um processo fácil, é preciso integrar serviços, departamentos de compras, de recursos humanos, logística, hoteleiros, quadros de recursos humanos, sistemas informáticos”, elucidou.
E concluiu: “As equipas estão a trabalhar nisto há meses e agora de repente estamos confrontados com esta possibilidade de daqui a seis meses podermos retroceder e perdemos um ano de trabalho”.
No seu entender, esta situação “não faz sentido absolutamente nenhum, mesmo em termos de eficiência das organizações”, e é preciso que os principais partidos se entendam sobre o futuro do Serviço Nacional de Saúde.
Para o representante dos administradores hospitalares, tem de haver “consistência nas políticas públicas, particularmente na área da saúde”, com um plano a cinco ou dez anos que seja cumprido e depois avaliado no final.
Lembrou o caso das parcerias público-privadas (PPP): “Tiveram excelentes resultados em termos de acesso, em termos de satisfação das populações e até em termos financeiros e depois de repente, acaba-se com elas sem nenhuma justificação lógica”.
“Foi uma questão ideológica e, obviamente, a saúde das pessoas não pode estar sujeita a questões ideológicas. Nós não podemos acabar com experiências que correram bem, que tiveram sucesso em todas as dimensões, na qualidade dos cuidados, na área financeira, por uma questão de capricho, declarou.
Portanto, rematou, “o que aconteceu nas parcerias público-privadas e o que está a acontecer agora na discussão das ULS são exemplos claros” da necessidade de chegar a um consenso para o desenvolvimento do SNS.
Comentários