“O balanço dos três turnos referentes ao dia de ontem [quinta-feira]foi de 80% e os dados agora do turno da manhã são de 81 %”, avançou em declarações à agência Lusa, Guadalupe Simões, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses cumpre desde as 00:00 de quinta-feira o primeiro de dois dias seguidos de greve nacional de protesto contra a “degradação das condições de trabalho” destes profissionais e pela valorização da carreira de enfermagem.
De acordo com Guadalupe Simões, os serviços mais afetados pela greve “são aqueles em que os enfermeiros não têm obrigatoriedade de comparecer”, nomeadamente em consultas externas e serviços nos centros de saúde.
“Nos blocos operatórios só funcionou, na maior parte deles, a sala de urgência. Alguns exames complementares de diagnóstico onde os enfermeiros estão [também foram afetados], e no Instituto Português do Sangue houve várias colheitas móveis que tiveram de ser suspensas”, adiantou a responsável.
Segundo Guadalupe Simões, os dados da adesão demonstram “na realidade o que é o descontentamento dos enfermeiros” e a “sua revolta pelo facto de se ter vindo a assistir a esta degradação das condições de trabalho”, além da “escassez” de profissionais que existe nos serviços.
A responsável acrescenta ainda que existem enfermeiros que trabalham “milhares de horas” sem que as mesmas sejam pagas e sem sequer sejam haja possibilidade de serem gozadas em tempo, solução que os enfermeiros preferiam que acontecesse.
“Os enfermeiros sentirem que independentemente de terem taxas de produtividade acima de 150 % não têm qualquer valorização por parte do ministério da Saúde a essa produtividade acima dos 100 por cento”, avançou.
O Sindicato acusa o atual governo de ter poupado cerca de 190 milhões de euros à custa dos enfermeiros, nomeadamente com o aumento do horário de trabalho para as 40 horas semanais, com os cortes nas horas de penosidade, bem como através do congelamento de escalões.
Além de mais recursos humanos, o Sindicato insiste na necessidade de valorizar a profissão que tem sofrido vários constrangimentos ao longo dos últimos anos, como congelamento das progressões, corte nos salários, nas horas extraordinárias e nas horas penosas.
Segundo o SEP, metade dos enfermeiros sofre de exaustão física e psíquica e também mais de metade afirma que o seu ambiente de trabalho é mau.
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