Além do aumento da mortalidade, as doenças relacionadas com o tabagismo possuem um grande impacto na perda de qualidade de vida. O tabagismo é uma das principais causas de evitáveis de morte prematura por cancro, por doenças respiratórias e doenças cérebro-cardiovasculares.

"A promoção da cessação tabágica é a melhor forma para reduzir o número de mortes por doenças associadas ao tabaco nos próximos vinte a trinta anos", frisa a médica Ana Patrícia Dias, presidente da Associação de Internos de Medicina Geral e Familiar Zona Norte (AIMGFZN).

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"Estudos indicam que cerca de 80% dos fumadores expressam vontade de deixar de fumar, no entanto, apenas 5 por cento consegue deixar com êxito e sem ajuda médica. Todos os anos, 35% dos fumadores tentam deixar de fumar, contudo a taxa de sucesso é reduzida", acrescenta.

É quatro vezes mais fácil deixar de fumar com ajuda médica, pois permite controlar e diminuir os níveis de ansiedade e de outros sintomas durante o processo

Sintomas difíceis de controlar

"Deixar de fumar é difícil. Tratando-se de um hábito associado a dependência física e psíquica. Os sintomas de privação do tabaco são frequentemente difíceis de controlar comprometendo o sucesso da cessação tabágica. No entanto, sabemos que é quatro vezes mais fácil deixar de fumar com ajuda médica, pois permite controlar e diminuir os níveis de ansiedade e de outros sintomas durante o processo", alerta a médica.

"Planear a decisão calmamente e recorrer a ajuda junto do médico de família é essencial, assim como envolver família, amigos e colegas de trabalho em todo o processo. Anunciar a decisão de deixar de fumar vai reforçar e tornar mais simples de cumprir o compromisso que estabeleceu", sugere ainda Ana Patrícia Dias.

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Atualmente existem já inúmeras unidades de saúde, integradas no Serviço Nacional de Saúde, com consulta de apoio à cessação tabágica. "O processo de deixar de fumar seja acompanhado por uma equipa multidisciplinar, permitindo um maior apoio e preparação dos desafios que a pessoa terá de experienciar", refere a clínica.

Mais 10 anos de vida

As pessoas que deixam de fumar vivem em média mais 10 anos, reduzem para metade o risco de sofrer de doença cardiovascular, assim como o risco de sofrer de cancro e de doenças respiratórias. "Quanto mais cedo for tomada a decisão, maiores serão os benefícios em termos de saúde", conclui a jovem médica Ana Patrícia Dias.

Segundo o Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo, da Direção-geral da Saúde (DGS), não existem alternativas saudáveis ao tabaco tradicional, isto é, não é recomendada qualquer outra forma de tabaco como substituição segura do tabaco tradicional.

A Sociedade Portuguesa de Pneumologia pede cautela aos utilizadores portugueses, no que toca aos cigarros eletrónicos, e  recorda que o melhor é "respirar ar limpo".

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Segundo a Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (SPAVC), deixar de fumar representa uma série de benefícios para a saúde. Tome nota:

- A melhoria de sintomas respiratórios ao final de 1 a 9 meses;

- A diminuição do risco cardiovascular para metade ao final de 1 ano;

- A reversão total do risco acrescido para Acidentes Vasculares Cerebrais ao final de 5 anos;

- A diminuição do risco de neoplasia pulmonar para metade (e diminuição do risco de forma variável de todas as outras neoplasias relacionadas com o tabagismo) ao final de 10 anos;

- A reversão total do risco de Doença Arterial Coronária ao final de 15 anos;

- A melhoria na aparência cutânea e da saúde oral, a diminuição dos encargos financeiros, entre outros aspetos.