Todos nós procuramos de alguma forma ser felizes, mas, por vezes, surge um travão à nossa felicidade quando percebemos que, ao mesmo tempo que somos felizes, estamos em desequilíbrio com a expectativa dos outros à nossa volta, nomeadamente, a das pessoas mais importantes para nós.

Sempre que surge este padrão, surge também um certo mal-estar e ficamos a viver em ‘contracorrente’, entre aquilo que de facto queremos viver e aquilo que outros querem que vivamos. Por isso, este sentimento é sempre potencializador de um certo mal-estar interno e de alguma dor emocional que nos bloqueia e nos impede de acedermos à tão procurada felicidade.

Quando assim é, devemos procurar mantermo-nos alinhados connosco próprios e aceitar a ‘dor’ que sermos nós próprios pode gerar nos outros. Para o fazermos é essencial, começar por:

1. Definir a nossa identidade

Este é um processo de autoconhecimento que engloba crenças, valores, interesses e ações com as quais nos identificamos. Se nos permitirmos ter clareza relativamente a quem de facto somos e a tudo aquilo que nos estrutura, mais facilmente nos permitimos afirmar sem condicionantes e bloqueios;

2. Ser empáticos com quem está à nossa volta

Não devemos deixar de viver o nosso estilo de vida apenas porque a família ou as pessoas importantes para nós não sentem que seja um estilo de vida ou uma forma de viver compatível com as suas expectativas. Mas, devemos ser empáticos com a dor que isso pode gerar para quem somos importantes, e no limite, ao mesmo tempo que nos afirmamos, precisamos de nos manter próximos e empáticos com aquilo que a pessoa pode estar a sentir. Vamos imaginar, numa família onde todas as pessoas assumem um lugar na empresa familiar, é natural que seja uma decepção quando alguém não o deseja fazer, é por isso, importante que essa pessoa não o faça, mas seja empática com essa quebra de estrutura que se vai gerar;

3. Aceitar que as decisões têm consequências

Há decisões que são estruturais e podem gerar consequências relacionais nas nossas relações mais próximas, quando estamos decididos a fazer diferente do que é expectável, devemos também preparar-nos para eventuais atritos que possam surgir nas relações e preparar-nos para agir de forma a proteger-nos a nós e a quem está à nossa volta. Não cedendo à pressão social, mantendo as nossas opiniões e o respeito por quem mais gostamos e é importante para nós.

Por vezes, é difícil assumirmos a nossa identidade e a nossa essência se ela colidir com as opiniões e as crenças de quem é importante para nós. No entanto, nunca nos devemos esquecer que a nossa vida será sempre vivida por nós próprios e que o essencial é que corresponda aos nossos próprios valores e às nossas próprias crenças, para que sintamos que a vivemos em verdade e que, por isso, somos felizes.

Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.