É uma prática milenar que tem cada vez mais adeptos fora do seu circuito habitual, as culturas orientais. Também o ocidente já se rendeu à meditação, que tem provas dadas no relaxamento físico e psicológico, ajudando a ultrapassar períodos de stresse e ansiedade. Mas os benefícios para a saúde não se limitam a essa área. De acordo com um estudo da University of California, em Davis, a meditação envolve mudanças no sistema imunitário.
Para sabermos mais sobre este tema, estivemos à conversa com Clifford Saron, investigador do Mind and Brain Center daquela instituição e que lidera o Shamantha Project, um grupo de estudo que investiga os efeitos de meditação intensiva na mente e no corpo.
Os verdadeiros benefícios da meditação
Tonya Jacobs, uma das suas alunas de pós-doutoramento, em conjunto com Elisabeth Blakburn, Prémio Nobel da Medicina e da Física em 2009 e professora de biologia e fisiologia na mesma universidade mas no campus de São Francisco, descobriram que a meditação promove mudanças psicológicas positivas, o que contribui para o aumento da telomerase, a enzima que sintetiza as extremidades dos cromossomas, que são revestidos de telómeros.
De acordo com as investigações anteriores de Elisabeth Blackburn, os telómeros são sequências de ADN no fim dos cromossomas que vão diminuindo à medida que se dá a divisão celular e o seu desaparecimento está associado ao envelhecimento. «A meditação não aumenta directamente a telomerase nem a longevidade, mas promove o bem-estar psicológico que a incrementa, que por sua vez promove a longevidade das células, factor que previne o aparecimento de várias doenças», realça Clifford Saron.
Parar para pensar
Para o investigador, grande parte da população encontra-se insatisfeita com a vida atual. «Não tem tempo para a família, sofre de stresse, sente-se pressionada para atingir o estilo de vida que os media retratam e pensa que apenas será feliz se atingir este ou aquele objetivo e isso repercute-se na saúde», refere o especialista.
«As pessoas deveriam parar, reflectir e encontrar as fontes do seu bem-estar», acrescenta ainda. E isto consegue-se através da meditação, que Clifford Saron define como «a capacidade de investigar a mente a partir do interior». O investigador afirma que a meditação não tem que estar associada a um espiritualismo cultural ou religioso.
«Podemos estar em casa e meditar sozinhos e assim ajudar a mente a mudar», explica. Mas isso não significa que meditar seja parar o cérebro. Pelo contrário, «aquele caracteriza-se pela neuroplasticidade, ou seja, é dinâmico e adaptável e a meditação ajuda-nos a dar sentido à nossa existência. À nossa volta pode até estar silêncio, mas o cérebro continua sempre on», conclui o especialista.
Texto: Rita Caetano com Clifford Saron (investigador)
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