Experimentámos a modalidade que combina técnicas de pilates, yoga e fitness, enquanto flutuamos num relaxante tecido de seda. Tudo começou numa viagem à Índia, onde Christopher Harrison, bailarino da Broadway, encontrou no yoga uma forma de recuperar das lesões acumuladas ao longo da carreira.
Embora sentisse melhorias, continuava a sofrer os efeitos da pressão nas articulações.
As dos pulsos, dos joelhos e do pescoço eram as mais afetadas. Encontrou a solução no recurso a um tecido de seda suspenso que permitia reduzir o impacto. Nele, ao pendurar-se de cabeça para baixo, constatou que o pescoço, a anca e a coluna beneficiavam de um efeito de descompressão. Estávamos em 1999. Nascia a modalidade que viria a conquistar figuras públicas como Gwyneth Paltrow. Já chegou agora a Portugal e tem o nome de antigravity.
O fator confiança
Executar técnicas de pilates, yoga e fitness pendurado numa tira de seda não é tão complicado como, à partida, parece. Mas, sim, confirmo, é necessário ter uma boa dose de confiança inicial. Afinal, todo o nosso peso está a ser suportado por um pano de seda suspenso no teto. Ainda com algum medo, confesso, saltei para cima dele, obedecendo às instruções, uma perna para cada lado e, depois, juntar os pés. Fazia a minha primeira posição. Sentada, em posição womb (útero), completamente envolvida no pano de seda.
Descontraí, inspirando e expirando, tal qual a respiração no yoga. Por breves momentos, esqueço-me que estou apenas suspensa no suave tecido de seda. Daí a ficar de cabeça para baixo, é um instantinho. O truque é ter (ainda mais) confiança e seguir à risca o que o instrutor indica. O mais difícil não é chegar a esta posição, é manter-me nela sem sentir o sangue a subir à cabeça.
Inspirar, expirar e... sentir!
Enquanto fazia vários movimentos e ficava ora deitada, em forma de prancha, ora de cabeça para baixo e pernas para cima cruzadas à chinês, dava por mim a pensar onde estava o trabalho de fitness. Aprendi, então, que todas aquelas voltas puxavam pelos meusmúsculos. Já familiarizada com a seda, sem medo de cair, estava na altura de sair do casulo. Nessa altura, confesso que já nem queria sentir o chão. Afinal, a seda é relaxante.
Mas nem todos os exercícios são executados em suspensão, em alguns sentamo-nos ou deitamo-nos no chão. Apenas com as costas apoiadas no tecido e com os pés assentes, o exercício consistia em puxarmos uma perna de cada vez. Parecia fácil até os abdominais se manifestarem. Se até aí me questionara como se enquadraria o fitness no programa antigravity. Por essa altura, já todas as minhas dúvidas se tinham dissipado.
Para o final, estava guardado o melhor. A tira de seda transforma-se num baloiço e a sensação de voo a cada impulso remete-nos à infância. Tudo para sairmos de forma triunfal, cheios de vontade de replicar a elegância e agilidade de um acrobata do Cirque du Soleil. A sensação é refrescante e surpreendente.
O dia seguinte
Apesar de não ter experimentado a posição morcego, que implica ficarmos totalmente pendurados pelo pano de barriga para baixo esticando bem várias partes do corpo, saí da aula leve, com a sensação de que os discos da minha coluna estavam mais alinhados. Mas a sensação praticamente desapareceu, no dia seguinte, quando acordei. Levantar uma perna parecia uma missão impossível.
Todos os músculos tinham sido trabalhados e não apenas quando senti maior ação na zona abdominal. Afinal, o yoga não esteve só presente na respiração, o pilates na postura ou o fitness nos exercícios com intensidade física imediatamente perceptível. O antigravity é uma disciplina completa, melhora a condição física, relaxa e, ainda para mais, diverte. O que é que se pode pedir mais?
Não deve praticar antigravity se:
- Está grávida
- Fez uma cirurgia recentemente
- Tem problemas cardíacos
- Sofre de hérnia discal ou vertigens
- Tem pressão arterial alta ou baixa
Texto: Catarina Caldeira Baguinho
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