A endometriose é uma patologia que afeta muito a qualidade de vida em mulheres em idade reprodutora e na maior parte dos casos o diagnóstico é demorado. Desde que surgem os primeiros sintomas até ao diagnóstico da patologia, pode levar anos. Também existem casos de mulheres com endometriose assintomática (sem sintomas) que só obtêm diagnóstico quando se deparam com o diagnóstico de infertilidade (incapacidade de conceber após 2 anos de tentativas tendo uma vida sexual normal e com boa função reprodutora do parceiro) e aí ao se efetuarem mais exames chega-se ao diagnostico de endometriose.

Esta patologia é caracterizada pela presença de tecido do endométrio fora da cavidade uterina, como por exemplo trompas, ovários, intestino e bexiga gerando uma resposta inflamatória local, principalmente durante a fase menstrual. Em casos mais graves pode mesmo chegar a haver focos de endometriose no cérebro, pulmões, rins, etc.

Os sintomas mais comuns causados por esta patologia variam consoante o grau desta e quais os órgãos afetados. Os sintomas mais frequentes são dor associada à menstruação, dor na relação sexual e na zona da pelve, sangue na urina ou nas fezes durante a fase menstrual (dependendo se o foco é na bexiga ou no intestino). Outras queixas associadas poderão ser cansaço fácil, menstruação excessiva ou mesmo hemorragia, menstruação com sangue vermelho muito escuro ou acastanhado, mal-estar geral, alterações no transito intestinal e alterações de humor, como ansiedade e/ou irritabilidade.

Muitas vezes as mulheres recorrem ou são prescritos medicamentos anti-inflamatórios ou anticoncecional o que pode mascarar a evolução da patologia e provocar um atraso no diagnóstico. É preciso ganhar consciência que dor menstrual não é normal e que se existe é necessário procurar ajuda. Em caso de suspeita desta patologia, os meios de diagnóstico são a ecografia ginecológica e a ressonância magnética. O tratamento da medicina convencional pode ser por via cirúrgica ou via medicamentosa dependendo do grau da patologia.

A endometriose afeta 10-15% das mulheres em idade reprodutiva e destas cerca de 60% sofre de infertilidade. O controlo dos focos de endometriose e dos sintomas melhorará a capacidade fértil destas pacientes e até permitir uma gravidez natural de sucesso.

A Medicina Chinesa é uma forte aliada aos tratamentos da medicina convencional, pois tem uma ação anti-inflamatória, de regulação hormonal, ajuda a regular o ciclo menstrual, equilibra a ansiedade/stress e irritabilidade, reduz a dor, regula o transito intestinal e auxilia no alívio dos efeitos colaterais das medicações durante todo o tratamento; deste modo melhorando bastante a qualidade de vida destas mulheres.

Estudos clínicos demostram que a Medicina Chinesa e as suas técnicas de tratamento, como a acupunctura, eletroacupunctura, moxabustão e fitoterapia podem melhorar os sintomas desta patologia.

Além do fator genético, há também o fator epigenético que é muito importante ser melhorado nestas pacientes. O que é uma boa epigenética? É muito importante manter uma alimentação anti-inflamatória (eliminando glúten, açúcares, álcool, lacticínios, etc.), ter uma boa higiene de sono, praticar exercício físico, procurar atividades que promovam a redução do stress/ansiedade, beber pelo menos 1,5L de água por dia e reduzir poluentes existentes na rotina diária. Porque é importante melhorar estes fatores? Pois se não fizermos estas mudanças, existem vários fatores que contribuem para o hiperestrogenismo, o que leva ao aumento do estado inflamatório do organismo. Esta patologia não tem cura, mas se as pacientes mantiverem este estilo de vida conseguem controlar a doença e manter uma vida com muito mais qualidade.

Como mencionado anteriormente muitas mulheres com esta patologia vêm mais tarde a sofrer de infertilidade e a Medicina Chinesa é um excelente auxílio nesta etapa da vida do casal. Esta medicina natura é uma forte aliada nos tratamentos de procriação medicamente assistida, bem como de uma gestação saudável. Pois melhora a qualidade dos gametas masculinos e femininos, aumenta a vascularização do útero e a sua recetividade. No caso da mulher equilibra e estimula a hipófise na segregação de FSH e LH e estimula a progesterona e o estradiol.

Já depois da conceção, a Medicina Chinesa continua a ser uma forte aliada na prevenção do aborto espontâneo, a atenuar todos os sintomas implícitos a uma gestação (como por exemplo náuseas, vómitos, dor lombar, ciatalgia, cansaço, refluxo, entre outros), a promover a posição cefálica do feto a partir das 37 semanas; a partir das 38/39 semanas ajuda a promover as contrações e facilita e estimula o trabalho de parto.

No pós-parto, o contributo desta medicina natural pode ser ao nível da baixa produção de leite, da mastite aguda, candidíase mamária, das dores articulares, da obstipação, da depressão pós-parto e no reequilíbrio do organismo é uma ferramenta chave. Já no recém-nascido atua a nível das cólicas, melhora o sistema imunitário, melhora a qualidade do sono, na eliminação de expetoração, por exemplo.

Quando o casal deve procurar este acompanhamento? O ideal é no mínimo três meses antes de iniciar a pré-concepção ativa, para que se possa equilibrar a componente hormonal, harmonizar organismo e mente para esta nova etapa da vida do casal e assim potenciar da melhor forma os resultados. Mas claro que depende também do caso clínico, pois se for um casal já com infertilidade diagnosticada poderá ser necessário mais tempo de tratamento. Em consultório surgem casais em todas as fases, seja em pré-concepção, seja em fase de procriação medicamente assistida, durante a gestação ou pós-parto. Pois o protocolo é sempre adaptado a cada caso clínico e a casa paciente.

Um artigo de Rita Vale, terapeuta de Medicina Tradicional Chinesa.