A doença de Lyme, também designada de Borreliose de Lyme, é uma doença multissistémica complexa, reativa, infeciosa, mas não contagiosa causada por bactérias do género Borrelia (Borrelia burgdorferi), transmitida pela picada de uma carraça do género Ixodes.
Em todo o mundo, existem quatro espécies de carraças pertencentes ao complexo Ixodes ricinus, que se alimentam de mais de 300 espécies de animais, (pequenos e grandes mamíferos e aves). Estes são os principais vetores para a transmissão da doença aos humanos.
A sintomatologia inicial caracteriza-se por manchas vermelhas no local da picada que vão aumentando ao longo do tempo (eritema migrans), sendo a manifestação dermatológica mais comum da doença. Outros sintomas como mal-estar geral, febre, dores de cabeça, rigidez da nuca, mialgias, artralgias e linfadenopatia são habituais nos casos clínicos da doença.
Sem um diagnóstico atempado, a doença de Lyme pode evoluir e provocar problemas nos músculos faciais, inflamação na medula espinal, bloqueio auriculoventricular, miocardite e problemas graves no sistema nervoso central.
Doença sazonal
A doença de Lyme é sazonal, a maior incidência ocorre na primavera-verão e é uma doença endémica em Portugal. As carraças I. ricinus estão presentes em várias regiões de Portugal, com maior prevalência no Norte e Centro do país, onde se encontram temperaturas propícias ao seu desenvolvimento. É uma das doenças transmissíveis de notificação obrigatória mais comuns em Portugal.
O aumento dos movimentos migratórios e das viagens a áreas endémicas têm contribuído para o crescimento do número de casos de doença em território nacional, pelo que é recomendado medidas preventivas em indivíduos expostos a contextos de risco. A prevenção da doença consiste em evitar a mordedura da carraça, pelo que evitar áreas de maior prevalência, usar repelentes na pele ou roupa e calçado protetor podem ser eficazes. A vigilância da superfície corporal é bastante importante, dado que a rápida remoção da carraça evita a transmissão.
Um artigo do médico Germano de Sousa, especialista em Patologia Clínica.
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