A maioria das pessoas tem consciência das implicações que o tabaco pode ter e nomeadamente ao nível do aparelho respiratório. Contudo, importa também compreender de que forma a saúde oral pode ser impactada pelos hábitos tabágicos.
“Uma vez que a boca é o canal de entrada do fumo no organismo, acaba por ser um dos sítios onde os efeitos nocivos se manifestam mais claramente. Neste sentido, é essencial que quem fuma esteja ainda mais atento à sua saúde oral: é recomendável que se visite o seu Médico Dentista/ Higienista Oral pelo menos quatro em quatro meses e se reforce todos os hábitos de higiene oral, sem esquecer a língua. Além disso, deve-se estar atento a possíveis alterações que ocorram nas mucosas da cavidade oral”, afirma Daniela Rodrigues, higienista oral na MALO CLINIC Coimbra.
Neste sentido, Daniela Rodrigues explica seis impactos que o tabaco pode ter na boca e dentes:
- Alteração na cicatrização: o tabaco retarda a cicatrização ao diminuir a irrigação sanguínea dos tecidos, o que torna as gengivas mais propensas a desenvolver infeções e reduz a capacidade de regeneração dos tecidos, tendo como consequência a redução do sucesso dos tratamentos.
- Os dentes tendem a mudar de cor e o mau hálito é recorrente: a nicotina e o alcatrão presentes no tabaco depositam-se nos dentes provocando a formação de manchas de pigmentação e tornando-os mais amarelos. Estes componentes causam também a sensação de boca seca (xerostomia). Além disso, os fumadores referem frequentemente mau hálito.
- As cáries são mais frequentes: ao provocar a perda de tecidos de suporte do dente e a recessões da gengiva a raiz do dente acaba por ficar exposta, aumentando assim o aparecimento de cáries radiculares.
- Existe uma diminuição do paladar e do olfato: o consumo de tabaco altera a perceção de sabores e odores, sendo a diminuição de paladar e olfato uma característica muito comum junto daqueles que fumam.
- Há uma maior propensão para desenvolver problemas gengivais: o tabagismo aumenta o risco de desenvolver periodontite, bem como impulsiona a sua rápida evolução. Uma vez que o tabaco interfere no sistema imunológico, o corpo tem maior dificuldade em combater as bactérias que se alojam nos dentes e gengivas.
- O risco de desenvolver cancro oral é elevado: o cancro oral é um dos tumores com maior prevalência no mundo e fumar é o principal fator de risco. Este é um cancro que na sua fase precoce apresenta lesões e sintomas que passam facilmente despercebidos. Por isso, é fundamental estar atento a alterações de cor nas mucosas, gengivas e língua, bem como a feridas que apresentem dificuldade em cicatrizar, e realizar frequentemente o autoexame da cavidade oral.
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