Apesar de ainda manter uma padaria e dois restaurantes em São Paulo, no Brasil, Vítor Sobral vendeu o restaurante que tinha aberto, em Luanda, na sequência de desentendimentos com os sócios. Os negócios em Portugal são agora a prioridade do cozinheiro e empreendedor que, em entrevista à edição desta semana da revista Visão, anuncia a abertura de novos espaços de restauração na capital e critica os empresários do setor.
"A mim, custa-me, como empresário, não poder pagar mais aos [meus] colaboradores. Sem querer dar uma de esquerdista, como já fui, sei que é muito fácil oferecer ordenados de 600 € e ficar rico", afirma o chef, que faturou 13.000.000 € em 2017. "Aqui, garantidamente, pago acima da média. E tento ter o maior cuidado com as pessoas que trabalham para mim", garante mesmo Vítor Sobral, cozinheiro há 32 anos.
Além de possuir vários espaços de restauração, é também autor e coautor de 24 livros de cozinha. "Fico feliz por ter contribuído para a imagem charmosa que os cozinheiros têm hoje. Quando comecei, não era nada assim. No entanto, nenhum dos meus restaurantes é sequer mencionado no guia [Michelin]. Sinceramente, isso não me incomoda nada", garante Vítor Sobral.
"Considero que os inspetores do guia não têm capacidade para avaliar os cozinheiros portugueses", critica o chef. "Muitos dos chefs deveriam ter mais [estrelas] do que as que têm hoje", considera ainda.
"Já podíamos pedir à Michelin para ter um guia só nosso. Não temos massa crítica turística? Até posso aceitar que não existam muitos restaurantes com três estrelas por cá, mas não haver nenhum?", questiona o cozinheiro empreendedor. Vítor Sobral, não tem, no entanto, dúvidas sobre a quem é que entregaria as ambicionadas três estrelas. "O José Avillez já as merecia, pela consistência do trabalho dele", elogia ainda o chef na entrevista.
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