O Ovo simboliza a criação e o hábito de o oferecer é anterior à época de Cristo. Antes da instituição da Quaresma, os ovos já eram trocados nas festas da primavera, em tributo à renovação da natureza. Um alimento encarado como talismã, suscetível de levar a sorte, o amor e a fortuna a quem os recebia. Eram estes ovos coloridos com corantes naturais, em infusões de beterraba, lírio roxo, açafrão, sumo de espinafre, num minucioso trabalho artesanal. Não obstante a diversidade de corantes naturais, a cor que predominava era a vermelha.
A oferta de ovos às crianças só surge no século XV, na Alsácia, dai difundindo à restante Europa.
No século XVII, o "velho continente", iniciou o fabrico de ovos de chocolate, beneficiando com a chegada do cacau do Novo Mundo, a bordo das caravelas.
Os Ovos da Páscoa viriam a ser adotados pelo rito Cristão e, em França, já no século XIX, tornam-se uma especialidade da confeitaria e de hábitos mais cosmopolitas muito associados ao chocolate. Os chefes de pastelaria começavam, então, a produzir ovos inteiramente de chocolate, uma inovação introduzida com os moldes para a cozinha. Antes, os ovos de galinha eram esvaziados de conteúdo, preenchidos com chocolate. O exterior era ricamente colorido.
Em muitos países europeus, crê-se que comer ovos no Domingo de Páscoa garante a saúde e a boa sorte durante todo o ano. Uma antiga crença, sustenta que se o ovo tiver sido posto na Sexta-Feira Santa, irá afastar as febres. Em regiões rurais francesas, as mulheres comem os ovos postos pelas galinhas na Quarta-Feira de Cinzas, estando os de Sexta-Feira reservados aos homens. Recomenda-se, ainda, aos casais que partilhem um ovo posto no dia de Páscoa. Assegurará a felicidade na união.
O protagonismo do coelho como portador de ovos ao ritual pascal tem por origem o remotíssimo culto a Easter, deusa da primavera, cujo atributo é a lebre. Um animal que a tradição acabou por confundir com o coelho.
Naturalmente, não podem faltar os ovos no folar, bolo por excelência associado à Páscoa, tradicionalmente trocado entre padrinhos e afilhados, também entre namorados e que se come na Quinta-Feira Santa, no Domingo de Páscoa e no domingo de Pascoela.
O Folar, a combinação de ovos, farinha de trigo, água e sal, recorda-nos o pão que Jesus ofereceu aos discípulos na Última Ceia. O ovo, encimando-o, chega como símbolo de renascimento de Cristo, de Ressurreição.
Uma especialidade que varia entre o doce e o salgado, assim como na forma, dependendo da região do país. A configuração do folar, clássica em muitas áreas urbanas, pode assumir um simbolismo sexual em algumas regiões. Em zonas do Alentejo, os folares oferecidos aos rapazes têm a forma de lagartos, pintos ou borregos, enquanto que os oferecidos às raparigas, representam pintainhas, pombas e borregas. Podem, neste caso, serem decorados com fitas garridas.
Encontramos, ainda, folares em forma de coração ou, mesmo, dois corações unidos.
No Nordeste do país, nomeadamente em Trás os Montes, encontramos uma versão do folar gordo, recheado com carne de porco, frango, vitela, presunto e salpicão. No Minho e no Porto, o pão de ló domina face ao folar.
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