Há perto de 50 anos, um então jovem realizador norte-americano, também escritor e músico, de nome Woody Allen – é-vos familiar? -, publicava um conto de sucesso. Com o humor e argucia que lhe conhecemos, Allen traçava em poucas linhas a história da sanduíche. Isso mesmo. O homem que acabara de rodar o filme "Bananas", descontraía da pressão do set de filmagens com uma louca história em torno de um quase anónimo conde inglês do século XVIII.

O dia em que Woody Allen contou a incrível história da sanduíche
créditos: Pans & Company

Se o chamarmos a estas linhas pelo nome, John Montagu, provavelmente muitos, entre nós, se questionarão sobre o interesse de Allen nesta figura de segundo plano na linha de tempo da história mundial. Contudo, se à prosa lhe juntarmos uns pozinhos de interesse, vamos perceber que John Montagu era o 4º Conde de Sandwish. E abre-se-nos o espírito, assim como se fez luz para o conto de Woody Allen.

John Montagu, um visionário, olhou para o formato do pão e percebeu-lhe aquilo que o engenho humano, e milhares de anos de aperfeiçoamentos em torno dos cereais, fermentações e cozeduras – com muitos desastres de premeio -, haviam preparado. O pão presta-se, na perfeição para acomodar outros alimentos. Aconchega-os, toma-lhes o sabor, retêm-nos e, deixa-nos as mãos limpas, mesmo quando entre a massa fofa repousa um molho delicioso.

Vai uma sanduíche de mozzarella? Aproveite um cupão de desconto aqui.

Pois bem, voltemos a Montagu. O distinto senhor, vivendo na Inglaterra rural, enganava os longos serões em jogos de cartas. Vivesse atualmente e, provavelmente, o veríamos em jogos de sorte e azar em casinos online. Na época, o mais longe que o Conde de Sandwich terá viajado foi à sua Londres. Embora visitasse menos a capital inglesa do que a copa da sua propriedade, onde preparava o seu salame entre duas fatias de pão.

Não o sabia Sandwish, mas, ao satisfazer o apetite numa refeição rápida para enganar a fome durante as partidas de cartas, tornava-se portador de uma longa linhagem de preparadores de sandes. Antes de Cristo, associado aos rituais da Páscoa judaica, já se fazia uma mistura de pão com alguns alimentos. Egípcios, Romanos, a Europa da Idade Média, os povos nórdicos, era igualmente portadores deste hábito de pão e recheio.

Para de vez arredarmos John Montagu desta prosa e nos fixarmos no seu legado, há que juntar à mesa de jogo do súbdito de Sua Majestade um ilustre da época, o explorador James Cook. Havia o navegador de homenagear o seu comparsa de jogos, cunhando-lhe o nome para as recém-descobertas ilhas do Oceano Pacífico, as Sandwish. Tornar-se-iam, estas, séculos depois, o Havai.

O dia em que Woody Allen contou a incrível história da sanduíche
créditos: Pans & Company

Assim fica a história devedora de um jogador. Sandwish não sobreviveu ao século XVIII. Não poderia supor que à boleia do seu título nobiliárquico, viajaria um dos alimentos de maior sucesso mundial. Contribuiu para isso a Revolução Industrial, no século XIX, e a necessidade de refeições rápidas para a classe trabalhadora. A sanduíche popularizou-se em Inglaterra, Países Baixos, Alemanha, Itália, Estados Unidos. Ganhou com os contributos de novos alimentos. É um alimento democrático, acessível a todas as classes e inspiradora de chefes de cozinha. Basta recordarmos uma das mais populares sanduíches, a "Club Sandwich", com pão, peito de frango, bacon, tomate, alface e maionese, nascida num famoso resort do século XIX, nos Estados Unidos.

Também a América do Norte iria popularizar outras variações ao embalo da sanduíche. Prosperaram as receitas das carnes frias, mas também de queijos, frutas, nozes, cogumelos.

Se com este texto, a fome já aperta, fique com mais uma sugestão bem saudável. É de comer e chorar por mais. Também tem um cupão de desconto aqui.

Diversificaram-se os pães, adaptaram-se a novos consumidores com novos perfis de consumo. Foi precisamente nesse espírito que a Pans and Company foi criada há 25 anos, apresentando até hoje uma oferta diversificada que quer ser ao mesmo tempo moderna e inovadora.

O pão, esse invencível da história humana aqui está, sobrevivendo aos embates, acolhedor de todo um novo mundo de alimentos com preocupações de sustentabilidade ambiental. Atualmente há um novo mundo em torno do pão, com a redescoberta do tempo de fermentação que pede uma massa-mãe, com a utilização de uma diversidade de cereais, com a preocupação face às intolerâncias alimentares.

Há, depois, uma infinidade de novos alimentos que se combinam e recombinam dentro do pão: das frutas, aos vegetais de diferente ordem, às sementes, aos molhos como o pesto, a queijos de diferentes características.

Sem menosprezo pelas sempre boas sanduíches de frango, pasta de atum, lombo, bacon, pasta de delícias do mar, presunto, encontramos alternativas veganas e vegetarianas.

A fechar o seu conto, Woody Allen tece o elogio fúnebre de John Montagu e enaltece a sanduíche através das palavras – inventadas – do poeta alemão Hoelderlin: “A nossa dívida para com ele é eterna. Livrou a humanidade das refeições quentes”.

Gostava de perceber como funciona a experiência Pans and Company? Veja o que Margarida Marques de Almeida e Cátia Dias Amaral, a dupla do blogue Style it Up, têm a dizer.