Durante anos, Mafalda Agante repetia a mesma pergunta frente aos amigos, sempre que publicava nas redes sociais uma nova fotografia dos seus bolos, tartes e tortas, entre outros acepipes: “Espelho meu, espelho meu, há alguém mais gulosa do que eu?”. Uma indagação que viria a dar origem à marca “Há Alguém Mais Gulosa do Que Eu?” e, com esta, um blogue, um espaço semanal num programa de rádio, uma aplicação para telemóvel, canal no YouTube e três livros entretanto publicados.
Desta feita, a jornalista tornada doceira (embora nunca deixando a sua veia de comunicadora), oferece aos escaparates nacionais o seu novo título com a chancela da Oficina do Livro. “Doce e (mais) saudável” inclui “as receitas saudáveis preferidas de uma gulosa assumida”.
Panqueca de banana, Bolo de coco e amêndoa, Quadrados de chocolate com creme de amendoim, Minitartes com creme de iogurte e framboesas, Folhado de framboesa, natas e mascarpone, Quadrados de cenoura, Torta de cacau e Pavlova, para citar uma paleta de doces que, Mafalda Agante, organiza no seu livro sob diferentes critérios, da inspiração tradicional, às sugestões para festividades ou para gulosos com pouco tempo.
Mafalda não quer com o novo livro entregar a sua doçaria a apetites light, tão pouco abdica, como nos conta, da sua assumida gulodice: “o ´título` de ´mais gulosa` continua a ser reivindicado!” [risos]. Contudo, Mafalda, admite que “ao longo dos anos tornei-me cada vez mais exigente. É normal que o palato se torne mais apurado ao longo do tempo. No meu caso, tomei a decisão de eliminar da minha alimentação os aditivos alimentares cuja comercialização é permitida, mas que tenho plena consciência que não quero no meu prato”.
No que respeita ao açúcar, a empreendedora admite que as opções “biológicas são diferentes no sabor e têm também características nutricionais diferentes”. Isto, sabendo-se que “muitos nutricionistas afirmam que não existem doces saudáveis, mas é melhor optar por um doce com menos calorias, sem aditivos alimentares e que tenha algum valor nutricional”.
Para Mafalda, “pior do que os açúcares que usamos em casa, são os produtos processados que encontramos à venda e que apresentam intensificadores de sabor, corantes, conservantes, espessantes e emulsionantes. Hoje em dia, já não podemos alegar que há falta de informação relativamente aos rótulos, eles existem para serem lidos e analisados”.
Uma questão onde, de acordo com a criadora da marca “Há Alguém Mais Gulosa do Que Eu?”, não serve de desculpa o fator económico, “afirmando-se que os alimentos processados são mais baratos. Não concordo, visto que as frutas e os legumes não são mais dispendiosos do que as opções processadas”.
Na matéria-prima também está o segredo
Tal como na restante cozinha, um bom doce pede boa matéria-prima. Neste particular, Mafalda refere que a qualidade dos ingredientes se traduz nos bons resultados: “nos frutos secos existe uma grande diferença na qualidade da amêndoa que se encontra à venda. Iogurtes, queijos, açúcares, leite, queijo creme, natas, chocolate, alguns frutos, baunilha, existe bastante diferença no sabor, consoante a qualidade dos ingredientes”. Já no que respeita aos ovos, “existe bastante diferença nos doces que levam bastantes gemas, a cor e a consistência da gema importa bastante”.
E no que respeita às trocas entre ingredientes, alegadamente por questões de equilíbrio nutricional, por exemplo no que respeita à manteiga e ao leite? Diz-nos a autora: “Mesmo não sendo eu nutricionista, sei que não se encontram estudos que comprovem a eficácia nutricional das alternativas relativamente aos substitutos das manteigas e leite. A recomendação de trocar uma manteiga ou leite acontece quando existem intolerâncias ou se pratica um estilo de vida vegan. Ou seja, o aporte nutricional de uma bebida vegetal é inferior, no entanto há quem recomende que nem se beba leite ou bebidas vegetais. Também depende muito do palato de cada um”.
“Prefiro uma manteiga a um óleo de coco, mas também gosto de azeite. A determinada altura encontrava semanalmente artigos contraditórios sobre a recomendação de ingerir ou eliminar o consumo de determinado alimento. Com o óleo de coco assistimos a isso, por exemplo. Eu sou ´team` manteiga e azeite”, sublinha Mafalda e acrescenta: “neste livro encontram receitas com todos estes ingredientes”.
Desafiada a escolher um doce que represente diferentes momentos do dia, a autora elege para o pequeno-almoço “a granola, um batido, umas bolachas ou as panquecas”. Para apaziguar a gula a meio da manhã, “as Tâmaras medjool recheadas”. Para fechar a refeição principal, “o Bolo cremoso de chocolate com chantilly e frutos vermelhos”. Já à tarde e num miminho guloso para as crianças, as “Barritas de chocolate e caramelo vegan” serão uma boa sugestão.
Por seu turno, "o Bolo de Lima e Iogurte (na caneca) ou o Bolo de laranja com creme brigadeiro de cacau (em taças), fazem-se rapidamente". Finalmente, para fechar o dia, depois do jantar, a sugestão de Mafalda recai nos "Pêssegos em rosé caramelizado com iogurte e pistácios”.
Porque doçaria também é memória, um doce que nos traga o carinho das avós, vê-se representado nos “Biscoitos de azeite”, finaliza Mafalda.
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