Só à terceira visita, depois de franquear a porta do Masstige Avenidas, reparo em três curtas frases dispostas à entrada de três salas distintas deste restaurante lisboeta, bem próximo do Campo Pequeno. “Drink Me”, “Take Me”, “Eat Me”, um tríptico provocatório que nos dá nota da natureza deste espaço que não quer ficar apenas tachado como restaurante de cozinha de autor com pinceladas de cozinha portuguesa, para além de outras latitudes gustativas meridionais. Vai mais longe e, provando este facto, lança agora um novo serviço de take-away gourmet com comida embalada a vácuo. Já lá iremos.
Gonçalo Trêpa, um dos sócios do Masstige, faz as honras da casa. É ele que me alerta, não só para as três frases que servem de pretexto para abrir a presente reportagem, como também para os candeeiros e papel de parede assinados por designers de nome feito como Martinho Pita. Estamos à entrada do restaurante e, traçando visualmente uma linha reta até à última sala e, para além desta, o jardim, percebemos as diferentes funções do espaço. “Começamos, aqui, por uma sala descontraída onde se pode tomar uma bebida, por exemplo no final do dia”, salienta Gonçalo. Obviamente, “Drink Me” e, neste particular, destaque para os cocktails de assinatura de autoria do barmen da casa Luís Brito. Prove-se um “Soul Mate”, uma mistura de vodka, maracujá, sumo citrino, açúcar e clara de ovo), ou um “Masstigito” (vodka, lima, manjericão, açúcar, água do Castelo). Para breve, as bebidas vão sair porta fora. Às quintas-feiras as Festas AfterWorks prometem animar não só o espaço interior do restaurante como o passeio contiguo ao mesmo, na Avenida António Serpa.
Leva-me para casa:
“Take Me”, o mesmo é dizer “leva-me” para casa, o que, no caso presente, se corporiza num expositor de frio controlado, onde não falta comida de feição caseira. “Há dois anos que laborava nesta ideia”, diz-me Gonçalo, “estamos numa zona residencial e de escritórios, nem sempre as pessoas têm disponibilidade para, chegado o final do dia, produzirem o seu jantar”. Ou seja, na prática, basta passar pelo Masstige, escolher entre as dezenas de opções que vão variando em função dos dias, cuidar em levar para o lar e aquecer no forno oito a dez minutos, a 180 ºC.
Nesta primeira fase o restaurante Masstige está a funcionar como experiência piloto para esta iniciativa de comida embalada a vácuo, o que permite manter a frescura e sabor, aqui em doses que servem entre duas a quatro pessoas. No futuro a ideia da equipa do Masstige é alargar o serviço a outros espaços lisboetas com características demográficas semelhantes às Avenidas Novas. Expansão à qual não é alheia a vocação de empresa de Catering do grupo Masstige com canais já abertos na distribuição.
Toda esta conversa é muito interessante, mas o que no momento presente interessa, realmente saber, é: a comida é boa? O que podemos comer? Primeira resposta, sim, a comida é boa. No caso vertente provei e gostei da Tomatada de lula e do Caril de beringela e abóbora (e nem foi preciso aquecer no forno, bastou uns quantos minutos de micro-ondas). Segunda resposta: a ementa é variável e foge às habituais feijoadas, bifinhos com natas e outros parentes do take-away. Conte mais em encontrar sopas diversas, sem batata, como o creme de ervilhas com presunto crocante ou o creme de beterraba. Nas carnes, peixes e vegetariano, uns Rosbife com duo de mostarda e mel, Porco lento, Tomatada de lulas, Salmão no forno, Caril de beringela e abóbora, Couscous com curgete e rúcula ou a Feijoada veggie.
Come-me:
Chegar ao Masstige não tem de ser sinónimo de pega e sai. O restaurante quer fazer justiça ao seu “Eat me” e renova regularmente a carta da autoria do chefe de cozinha Ricardo do Canto. “Podemos encontrar diversas opções tipicamente portuguesas como prato do dia, mas não ficamos por aqui. Temos algumas propostas de cozinha contemporânea e mediterrânea, com risotos, massas, saladas e até refeições mais saudáveis, como a Salada de quinoa, o Couscous e alguns pratos vegetarianos”, sublinha Ricardo.
Cozinha que se corporiza em petiscos como os Ovos rotos envoltos em presunto, batata frita e parmesão (6,90 euros) ou Escabeche de perdiz (9,70 euros), além das especialidades premium da casa. O Bife do lombo (19,20 euros), a Barriga de leitão confitada (15,00 euros), o Risoto de cogumelos selvagens (13,50 euros) e o Camarão BlackTiger grelhado (17,50 euros). De segunda a sexta-feira há ainda um menu de almoço (10,00 euros) e o menu executivo (15,00 euros).
No caso vertente provo o Camarão BlackTiger grelhado. Dispenso o molho de manteiga, prefiro um gomo de limão que utilizo com parcimónia e acompanho com um tachinho de arroz de coentros. Camarão assado no ponto certo, carne firme mas não encruada e sem aquela desilusão do toque moído. Arroz de coentros soltinho, dose certa e sem uma sobreposição acentuada da erva aromática. Combina bem com o marisco.
Avenida António Serpa. Nº 9
Tel.: 211 345 998
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