Há dois anos, Nápoles rejubilava perante o reconhecimento da UNESCO de uma das tradições da cozinha local. Em 2017, a arte napolitana dos pizzaiolos, passava a integrar o Património Imaterial da Humanidade, uma espécie de Santo Graal dos tesouros orais e intangíveis de todo o mundo. Um reconhecimento que concorre, ainda, para a salvaguarda destes traços culturais. Na realidade, o país transalpino trazia já na altura, história feita nesta lista da UNESCO. Em 2003, a Dieta Mediterrânica era também distinguida.
Contas feitas, Itália tem 12 das suas tradições listadas no Património Imaterial da UNESCO o que, inclui, por exemplo, o Canto a Tenore, expressão pastoral da Sardenha e a Opera dei Pupi, teatro de marionetas da Sicília.
Mais recentemente, através do Consórcio para a Salvaguarda do Café Espresso Italiano Tradicional, entidade criada em 2014 e constituída por 15 empresas do setor, aquele país europeu revelou a intenção de querer elevar o café espresso a Património da Humanidade (espresso com “s” e não um “x”, porque não deve o termo espresso créditos à velocidade da extração, mas sim à pressão).
O Estado italiano nascido em 1861, depois da unificação dos diferentes estados da península itálica e de duas ilhas mediterrânicas, vê no café espresso, uma criação transalpina, uma manifestação da cultura nacional e do modo de estar da sua população.
Sublinhe-se que, contemporânea do nascimento do Estado italiano, a máquina de café espresso, resultou de inúmeros contributos de inventores daquele país bordejado pelo mar Mediterrâneo. Um café com uma personalidade assente no creme à superfície, o que o distingue, e com um complexo código para a sua extração, assim como um complexo ritual social que o acompanha.
O café, a segunda bebida mais consumida no mundo, depois da água, beneficiou do contributo italiano para a sua disseminação.
De acordo com o Consórcio que se propõe apresentar o dossier de candidatura do café espresso a Património Imaterial da Humanidade (em 2015 já havia solicitado a classificação no inventário nacional de bens culturais), mais de 90% dos italianos, em idade adulta, consome habitualmente café em casa e na restauração.
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