“Hoje damos início a uma nova era no setor vitivinícola nacional”, congratulou-se João Barroso, coordenador do Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo (PSVA), da CVRA.
A atribuição à Herdade dos Grous da 1.ª certificação de Produção Sustentável é um “passo histórico para o Alentejo e para o país, porque contribuímos para o reconhecimento de que é possível ser sustentável como um todo”, considerou o responsável, no comunicado da CVRA enviado à agência Lusa.
E também porque “projeta a imagem” dos vinhos do Alentejo “nos mercados internacionais estratégicos que valorizam, e muito, as boas práticas de sustentabilidade”, acrescentou.
A certificação, inédita em Portugal, foi lançada pela CVRA, em agosto, e reconhece aos produtores da região boas práticas económicas, sociais e ambientais, das vinhas até à adega.
O “selo” é atribuído por quatro empresas certificadoras (Bureau Veritas, Certis, Kiwa Sativa e SGS), que estão a trabalhar em colaboração com a CVRA para a certificação de produtores de vinho que sejam membros do PSVA.
Luís Duarte, gerente e enólogo da Herdade dos Grous, pertencente ao grupo alemão Vila Vita Hotels, destacou hoje à Lusa que a obtenção da certificação vai ao encontro do trabalho desenvolvido na empresa, desde 2015, quando aderiu ao PSVA.
“Acreditamos que este é o caminho e inscrevemo-nos logo no PSVA, pela experiência que tínhamos e pelo conhecimento do mundo dos vinhos, e trabalhámos afincadamente” em matéria de sustentabilidade, que “é filosofia da empresa”, frisou.
A certificação mostra “que estamos no caminho certo” e significa “que alguém nos veio dar essa garantia, de que estamos a fazer as coisas bem” na Herdade dos Grous, que tem “muito orgulho das suas práticas ambientais”.
O mercado “tem uma procura muito maior por empresas que têm preocupação com a ‘pegada ecológica’ e boas práticas”, sobretudo “os países nórdicos”, e, agora, este “selo” pode ter um efeito positivo nas vendas, segundo Luís Duarte.
“Os mercados com mais poder de compra dão uma importância muito grande” às questões da sustentabilidade e a certificação “é um contributo para a diferenciação que os nossos produtos já têm, porque o foco, há muito, é mostrar toda a nossa biodiversidade e trabalho que fazemos”, disse.
A escolha de castas mais resilientes às alterações climáticas, a implementação de práticas agrícolas que potenciam a proteção dos solos e a promoção da biodiversidade, o uso eficiente de energia e de água foram alguns dos “aspetos fundamentais” para a atribuição do “selo” à Herdade dos Grous, indicou a CVRA.
Outros foram o recurso a energias renováveis e a materiais mais sustentáveis na embalagem dos produtos e as iniciativas de responsabilidade social que a empresa promove, junto dos colaboradores e da comunidade.
Foram igualmente avaliadas práticas como a promoção da paisagem agrícola em mosaico, mantendo e incrementando a biodiversidade, a manutenção e reflorestação do montado, a criação de sementeiras de pastagens permanentes e com biodiversidade, o olival, as áreas de pousio e a promoção de bancos de habitats para polinizadores.
O objetivo, agora, “é que 2021 seja um ano com um aumento significativo de produtores com o ‘selo’ de produção sustentável e há sete a 10 produtores que estão a ultimar o seu caminho para poderem ser elegíveis”, revelou à Lusa o responsável do PSVA.
Vincando que não é o produto, neste caso os vinhos, que é certificado, porque “o que é considerado sustentável é todo o modo de produção”, João Barroso argumentou que o “selo” assume-se como “uma mais-valia e uma vantagem competitiva para os produtores do Alentejo, no mercado nacional e no internacional”.
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