Rui Paula, chefe de cozinha com duas estrelas Michelin no restaurante Casa de Chá da Boa Nova (Leça da Palmeira) e proprietário dos restaurantes DOC, DOP, veio a público, na sua conta de Facebook, lamentar o atual cenário da restauração provocado pela pandemia mundial suscitada pelo COVID-19.

Numa extensa publicação, Rui Paula, sublinha que “trabalho em hotelaria há 26 anos. Tudo que conquistei até hoje foi a pulso. Durante este período fui criando equipas coesas, implementei sempre formação e cumpri sempre com os ordenados compatíveis para quem trabalha muitas horas. Nunca falhei até ao dia de hoje com os pagamentos a fornecedores”.

Se não forem tomadas medidas drásticas e de rápida implementação, metade dos estabelecimentos hoteleiros/restauração de Portugal fechará as suas portas

O chefe de cozinha nascido no Porto prossegue, adiantando que “nunca pensei que esta pandemia viesse afetar os nossos negócios de uma maneira tão rápida e incisiva. Todos os nossos restaurantes estão a trabalhar a 100%, reforçamos todas as regras de HACCP e cuidados no contacto aos clientes”.

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“Escrevo este texto nesta altura, porque estou à espera que o nosso governo tome medidas claras e objetivas no que respeita à restauração, para ajudar a ultrapassar esta crise”.

Face ao exposto, o homem que recentemente foi distinguido pelo guia “Boa Cama Boa Mesa” como “Chef do Ano”, refere que “se não forem tomadas medidas drásticas e de rápida implementação, metade dos estabelecimentos hoteleiros/restauração de Portugal fechará as suas portas. As empresas necessitam de estar minimamente saudáveis aquando da implementação dessas medidas e não já na fase de prejuízo, se não a recuperação após COVID-19 será de extrema dificuldade”.

“No nosso caso em concreto, sabemos que a quebra é já de 60% na faturação. Os cancelamentos não param de chegar. A minha previsão é que isto irá continuar até junho/julho, a correr bem!”.

“Nesta hora que vos escrevo, apelo a um conjunto de chefes, restauradores e hoteleiros que ergam as vozes e nos unamos na pressão às entidades competentes. Não é tempo de inércia, mas sim de ação! É urgente uma política concertada!”.