De regresso ao formato presencial, a gala de entrega das estrelas Michelin para Portugal e Espanha, anunciou os vencedores para 2022. Para o Algarve, viajaram duas novas estrelas, respetivamente para os restaurantes A Ver Tavira, do chef Luís Brito e Al Sud, do chef Louis Anjos. Mais a norte, o restaurante alentejano Esporão, com a cozinha do chef Carlos Teixeira, acolheu a sua primeira estrela Michelin. Na capital, o restaurante Cura com a cozinha do chef Pedro Pena Bastos arrecadou igualmente uma estrela. No Porto, o chef Arnaldo Azevedo subiu ao palco em representação do restaurante Vila Foz que passa a ostentar a estrela única.
Natural de Santa Clara-A-Nova (Almodôvar), Luís Brito iniciou o seu percurso na cozinha em 1989, passou por vários restaurantes e hotéis na região do Algarve e assumindo o papel de subchefe Executivo do Hotel Alfamar, um dos maiores hotéis, na época, no Algarve. Liderou as cozinhas de grupos como o Petchey e o CS Madeira Atlantic. Entretanto, passou ainda pela Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Brasil em São Paulo, Escola de Hotelaria e Turismo de Faro e ainda por Angola, enquanto chef executivo do Hotel Nempanzu. Luís Brito foi jurado de vários concursos em Portugal e no estrangeiro. No A Ver Tavira, já conquistou várias distinções, como o Certificado de Excelência do TripAdvisor (2018) e recomendação no Guia Michelin.
Louis Anjos, natural de Minde, formado em cozinha, passou por resorts e restaurantes entre os quais o Bon Bon, no Carvoeiro, (uma estrela Michelin); a nível internacional, colaborou no restaurante Viajante (uma estrela Michelin), em Londres, e no restaurante Martin Bersategui (três estrelas Michelin), em San Sebastian.
Carlos Teixeira “já anda em cozinhas profissionais desde os 15, idade com que se estreou no SANA Lisboa. Nessa altura, podia ter optado pelo hóquei em patins, mas virou-se antes para a culinária, onde era já hábil 'em bifes e arrozes', arte que aperfeiçoou desde os oito anos. “Eu vivia só com o meu pai, que chegava do banco tarde, e tinha de preparar o jantar”, lemos no artigo que a revista “Grandes Escolhas” publicou no SAPO Lifestyle.
O chef "estagiou no The Clove Club, em Londres, eleito o 33º melhor restaurante do mundo, na lista dos 50’s Best de 2018, para depois de se juntar à equipa do Esporão em 2015. Aqui, iniciou-se como braço direito de Pedro Pena Bastos, assumindo a liderança em 2018”, cita a mesma fonte.
Para o chef Arnaldo Azevedo tudo começou num negócio de família, onde descobriu a paixão pela cozinha. Filho de um chef com quem partilha o nome para além da vocação, dá os primeiros passos no restaurante familiar antes de decidir frequentar o curso de cozinha da Escola de Hotelaria de Santa Maria da Feira. Seguiram-se outras experiências que contribuíram para moldar o seu percurso e definir a personalidade da sua cozinha. Chega ao Vila Foz Hotel & Spa depois de uma trajetória segura, criativa e promissora, sendo o responsável pelos Restaurantes Vila Foz e Flor de Lis.
Pedro Pena Bastos passou pelas cozinhas de duas casas portuenses, o Cafeína e Porto Palácio; no Feitoria e Grémio Literário, em Lisboa, mais tarde no The Ledbury, na capital inglesa, Londres. Fundou em 2011 o projeto “Revolta do Palato” com a organização de eventos privados de restauração. Pedro Pena Bastos liderou a cozinha do restaurante Esporão. Em 2018 encabeçou a experiência gastronómica CEIA.
O nosso país conta, a partir de agora, com um total de 40 estrelas Michelin (mais cinco face ao ano anterior), repartidas por sete restaurantes com duas estrelas (“uma cozinha excecional, vale a pena o desvio”) e 26 estabelecimentos com uma estrela (“uma cozinha de grande fineza, compensa parar”).
No total, 33 novos restaurantes passam a ter uma estrela Michelin, 28 em Espanha e cinco em Portugal.
Ainda em Espanha, quatro restaurantes subiram à segunda estrela. Mantêm-se os 11 restaurantes com três estrelas da edição anterior.
Por outro lado, dois restaurantes perderam as duas estrelas e 22 perderam a primeira. Os motivos vão desde a avaliação dos inspetores ao encerramento ou mudança de local. Outra novidade deste guia é a entrada de Andorra, com um novo restaurante (Ibaya) com a primeira distinção.
No total, a seleção de 2022 do Guia Michelin ibérico inclui 1.362 restaurantes de Espanha, Portugal e Principado de Andorra, entre os quais 11 com três estrelas, 40 com duas estrelas e 211 com uma estrela.
Resultados que, para a Michelin, refletem “a vitalidade e o dinamismo do panorama gastronómico ibérico, que impressionou os inspetores”.
Recorde-se que Portugal partiu para a gala deste ano com sete restaurantes com duas estrelas Michelin e 21 estabelecimentos com uma estrela, tal como noticiado aqui.
Na categoria Bib Gourmand, que identifica restaurantes com uma "muito favorável relação qualidade-preço, com um menu completo por não mais que 35 euros", foram escolhidos dois portugueses: "Arkhe" (Lisboa) e "Xtoria" (Setúbal).
Portugal contabiliza 33 restaurantes nesta categoria, enquanto Espanha tem 247 (41 novos) e Andorra um, num total de 284 no guia ibérico.
No decorrer da apresentação da gala, Gwendall Poullemec, diretor-geral do Guia Michelin, antecipou um ano repleto de “joias” na restauração e revelou que os inspetores do guia “ficaram impressionados com os novos locais que abriram”. Poullemec acrescentou que “os gastrónomos nunca tiveram tanta vontade de visitar estabelecimentos”.
No início da cerimónia, foram chamados ao palco também os cozinheiros dos restaurantes galardoados no ano passado, em que não se realizou uma cerimónia presencial, mas apenas virtual devido à pandemia de COVID-19. No caso português, receberam no Guia Michelin 2021 a primeira estrela os restaurantes 100 Maneiras (chef Ljubomir Stanisic) e Eneko Lisboa (chef Lucas Bernardes).
Portugal estreia-se na Estrela Verde
No que toca ao galardão em estreia no ano transato, a Estrela Verde, que premeia os restaurantes na vanguarda da gastronomia sustentável, Portugal viu distinguidos os restaurantes da Herdade do Esporão (Reguengos de Monsaraz), com a cozinha do chef Carlos Teixeira e o restaurante Il Gallo d'Oro, do chef Benoît Sinthon. Espanha juntou seis distinções aos 21 galardoados em 2021.
Ainda no decorrer da gala foi atribuído o prémio “Jovem Cozinheiro”, entregue a Mario Cachinero, do restaurante Skina (duas estrelas Michelin), em Marbella; assim como o prémio “Inspiração”, arrecadado pelo chef espanhol Martín Berasategui que em Portugal encontramos no restaurante Fifty Seconds (uma estrela Michelin), instalado na Torre Vasco da Gama, em Lisboa.
Portugal no Guia Michelin desde 1910
As galas de lançamento do Guia Espanha e Portugal realizam-se anualmente desde 2009, quando foi lançada a centésima edição do guia ibérico, decorrendo em cidades diferentes, quase sempre em Espanha. Lisboa acolheu a cerimónia em novembro de 2018.
Portugal tem restaurantes no guia Michelin desde 1910, ano da primeira edição da publicação no nosso país. No ano de implantação da República chegavam às páginas do Michelin os restaurantes Santa Luzia (Viana do Castelo) e Mesquita (Vila Nova de Famalicão). Em 1929, o nosso país contava com dois restaurantes com uma estrela, o Santa Luzia (Viana do Castelo) e o Hotel Mesquita (Vila Nova de Famalicão). Por sua vez, em 1936, Portugal tem o seu primeiro restaurante com duas estrelas, o Escondidinho, na Invicta. Em 1974, ano da Revolução, Portugal via quatro restaurantes galardoados com uma estrela: Portucale (Porto), Pipas (Cascais), Aviz e Michel (ambos em Lisboa).
J.M.A com Lusa
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