1- Mais viagens, mais desgaste nos pneus e a ideia para um guia
Em 1889, André e Édouard Michelin, dois empreendedores franceses, fundaram uma empresa de pneus, a Michelin. Onze anos volvidos, face à crescente indústria do turismo, ocorreu-lhes elaborar um guia que classificasse hotéis e restaurantes. Uma forma de dinamizar as viagens automóveis e a venda de pneus.
2- Mais do que um guia de restaurantes, um manual de sobrevivência na estrada
Em agosto de 1900, com o novo século, nascia o Guia Michelin. Na época circulavam em França apenas três mil carros. A rede viária era incipiente, os postos de combustível escassos. Os irmãos Michelin para facilitarem o acesso aos pontos listados no guia, chegaram a fixar nas estradas sinais produzidos manualmente. O guia era, assim, um repositório de postos de gasolina, oficinas, hotéis e restaurantes.
3- O Guia viaja para fora de França
Fora de portas, a primeira edição do Guia Michelin coube à Bélgica corria o ano de 1904. Ao Reino Unido chegaria em 1911.
4- Em 1910, Portugal já tinha restaurantes no Guia Michelin
Portugal tem restaurantes no guia Michelin desde 1910, ano da primeira edição da publicação no nosso país. No ano de implantação da República chegavam às páginas do Michelin os restaurantes Santa Luzia (Viana do Castelo) e Mesquita (Vila Nova de Famalicão). Em 1929, o nosso país contava com dois restaurantes com uma estrela, o Santa Luzia (Viana do Castelo) e o Hotel Mesquita (Vila Nova de Famalicão). Por sua vez, em 1936 Portugal tem o seu primeiro restaurante com duas estrelas, o Escondidinho, na Invicta. Em 1974, Portugal via quatro restaurantes galardoados com uma estrela: Portucale (Porto), Pipas (Cascais), Aviz e Michel (ambos em Lisboa).
5- De subvalorizado a estimado. Um guia que no início era gratuito
Nos primórdios o guia era de distribuição gratuita. Conta-se a história de que ao visitar uma oficina, André Michelin deparou-se com exemplares do guia a susterem uma bancada. O fundador da Michelin decidiu, então, cobrar pela publicação. Em 1922, o guia passou a custar sete francos, sustentados no argumento de que só seria respeitado no dia em que fosse pago.
6- E nascem as estrelas…
Até 1926, o Guia Michelin não cobria restaurantes de fine dining. A partir dessa data, inspetores anónimos passaram a visitar os estabelecimentos. A classificação com estrelas nasceu em 1931, embora os critérios de uma, duas e três estrelas só tenham surgido em 1936. Uma estrela: “Um restaurante muito bom em sua categoria”. Duas estrelas: “Excelente cozinha; vale um desvio”. Três estrelas: “Cozinha excecional; digno de uma viagem especial”.
7- Nos anos de 1950 o Guia Michelin ganha um irmão
Em 1955, nascia o irmão mais novo do Guia Michelin, com os prémios Bib Gourmand (assim reconhecido a partir de 1997). A distinção é concedida aos restaurantes que servem "boa comida a preços moderados". Alguns países editam um guia autónomo.
8- Inspetor Michelin, uma atividade solitária
Consta que os inspetores da Michelin só podem revelar aos seus cônjuges a atividade que desempenham ao serviço do guia. Mesmo dentro da equipa que elabora a publicação só alguns editores contactam com os inspetores. Estes não têm, inclusivamente, autorização para falar com os órgãos de comunicação social. Existirão entre 80 a 120 inspetores em atividade a tempo inteiro. Independentemente das formações que tragam, frequentam um curso de seis meses que os capacita para as visitas aos restaurantes.
9- Para a estrela vale o que está no prato. Decoração é acessório
Os critérios exatos do que é considerado elegível num restaurante para lhe ser atribuída a estrela mantêm-se em sigilo. Contudo, é público que a avaliação recai sobre os pratos, os ingredientes, a destreza técnica para elaborar a comida, a combinação de sabores. Decoração do restaurante, ambiente e serviço não são considerados.
10- França, o peso-pesado das estrelas Michelin
Na lista dos países com mais estrelas Michelin, destaca-se a França com 630 restaurantes distinguidos (2023). Na Ásia, Tóquio, capital japonesa, conta com aproximadamente 547 restaurantes.
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