
Ficaram conhecidos como os "loucos anos 20" e, de facto, a década de 1920 foi um período muito interessante da história. Uma fase de hedonismo e efervescência cultural nas grandes cidades europeias e norte-americanas, em que a sociedade voltava a celebrar após a Primeira Guerra Mundial. Ao mesmo tempo, nos EUA, era imposta a Lei Seca que proibia a venda e a produção de bebidas alcoólicas no país, o que levou ao aparecimento dos speakeasies, bares clandestinos.
Há muito mais para descobrir sobre esta década que terminou da pior da forma possível, com o crash da bolsa da Nova Iorque e o início da Grande Depressão. E um bom lugar para entrar no espírito dos "loucos anos 20" é o novo bar do Maison Albar - Le Monumental Palace, o hotel cinco estrelas que fica num dos edifícios mais icónicos da Avenida dos Aliados, também ele construído durante a década de 1920.

Mas a história não fica por aí. O espaço onde está o bar foi descoberto durante as obras de renovação do edifício – a placa com o nome no chão e um antigo balcão. Era um compartimento secreto e tudo indica que funcionava como um bar clandestino do, então, conhecido Café Monumental. Talvez fosse um espaço onde as pessoas pudessem estar mais à vontade, “a beber e a fumar um charuto”, conta Tiago Oliveira, mixologista responsável pelo bar.
Provavelmente, estão a pensar que não haveria uma sequência de coincidências e factos históricos mais inspiradores para a criação de um novo conceito de bar, e foi isso mesmo que motivou o surgimento do Bar Américain. Lançado, oficialmente, na semana passada, o espaço quer afirmar-se como uma referência no Porto, juntando-se a outros bares de cocktails recentes que começam a elevar a qualidade de opções na Invicta.

Do Charleston ao Empire
Tons dourados, luz baixa, um piano de cauda e um bar com mais de 200 referências que convida a explorar o livro de cocktails com atenção. O Américain não é um speakeasy, já que não quer ficar escondido, mas não deixa de remeter para a atmosfera intimista destes lugares, embora com o conceito de speakeasy Gatsby, ou seja, luxuoso e requintado, refere Tiago Oliveira, mixologista com oito anos de experiência em Londres, onde trabalhou em vários bares de referência.
Nada foi deixado ao acaso, a começar pelas opções de cocktails, onde as estrelas da companhia levam-nos, outra vez, para 1920. The Charleston, Rum Runner, Flapper e Empire são os quatro cocktails de autor que abrem a carta, de onde também fazem parte clássicos, como Grand Martini, Negroni, New York Sour, entre outras opções.
Contudo, são nas quatro bebidas de autor que voltamos a viajar a 1920. A começar pelo Charleston, uma homenagem à dança que surgiu na cidade norte-americana com o mesmo nome e se popularizou com uma canção de 1923. Os rum runners eram os contrabandistas de rum que tentavam transportar a bebida das Caraíbas para os EUA, durante a lei seca, enquanto as flappers eram as mulheres dos anos 20, livres e a lutar pelos seus direitos, eram mulheres que “não tinham medo, fumavam, bebiam”, explica Tiago Oliveira. Por fim, o cocktail Empire é uma homenagem ao icónico edifício de Nova Iorque, o Empire State Building, uma referência do estilo Art Déco. Percorra a galeria para descobrir os ingredientes dos quatro cocktails.
Para acompanhar, nada melhor do que uma carta de petiscos elaborada pelo chef Julien Montbabut, com propostas que vão desde os Mini Lobster Rolls (22€/2uni) ao Cachorro do Bolhão (12€) até ao Croque Monsieur (14€), são várias as referências gastronómicas apresentadas pelo chef estrelado numa carta de delicacies irresistíveis e que combinam na perfeição com os cocktails.
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