Será que Lisboa ainda consegue ter restaurantes genuínos no meio de tanta oferta? É, pelo menos, a que se propõe o Pica-Pau, restaurante sob a batuta do chef Luís Gaspar, (da Sala de Corte, considerada umas das melhores steakhouses do mundo, e do Brilhante, uma homenagem aos clássicos cafés do século XIX).

Tem nome de pássaro, sendo esse inclusive o seu símbolo, e nome de prato de carne, um petisco que junta aquilo que melhor apreciamos na gastronomia portuguesa: um molho no ponto, se ao qual juntarmos pão (que no Pica-Pau é de Mafra), é das coisas mais simples para agradar um português que se preze. E o molho Pica-Pau é precisamente uma das opções de couvert para abrir a refeição.

No Pica-Pau do chef Luís Gaspar, o receituário português é servido em pratos de barro
No Pica-Pau do chef Luís Gaspar, o receituário português é servido em pratos de barro créditos: Nuno Correia

É no coração do Príncipe Real, em Lisboa, em plena Rua da Escola Politécnica, que podemos encontrar este projeto de Luís Gaspar, que acaba de completar um ano.

A ideia para este conceito é seguir as bases da gastronomia portuguesa, sem grandes invenções e inovações. Comida portuguesa honesta, portanto, ou não fossem as referências do chef precisamente as bíblias gastronómicas produzidas por Maria Lourdes Modesto e Virgílio Gomes. A inovação dá lugar à tradição, algo que também faz falta em Lisboa.

No Pica-Pau do chef Luís Gaspar, o receituário português é servido em pratos de barro
No Pica-Pau do chef Luís Gaspar, o receituário português é servido em pratos de barro A raia alhada é o prato do dia às quintas-feiras. créditos: Nuno Correia

Respeitando a sazonalidade dos produtos, das mais recentes novidades da carta, e como forma de prolongar o verão (que este ano muito se estendeu em termos de temperatura), Luís Gaspar trouxe para o menu as incontornáveis amêijoas à Bulhão Pato (19€) - sem vinho, como nos diz Maria de Lourdes Modesto - ou a salada de tomate coração de boi com requeijão de Nisa (6€).

Mantendo-se fiel à ideia de mostrar um pouco da identidade portuguesa, ou não estivéssemos também num dos locais mais turísticos da cidade, a carta continua a refletir pratos ou produtos de todas as regiões do país, incluindo as ilhas – no couvert vai poder experimentar uma manteiga dos Açores, por exemplo – numa relação estabelecida com pequenos produtores.

O conceito é de partilha, à boa maneira portuguesa, em pratos de barro, numa homenagem à olaria alentejana. Daqueles restaurantes em que pedimos várias coisas e as dispomos em cima da mesa e onde cada um se serve um pouco.

Do menu fazem ainda parte petiscos como presunto de porco alentejano (8€), salada de polvo (12€), peixinhos da horta (8€), pastéis de bacalhau (2 unidades, 6€) ou rissóis de leitão (2 unidades, 6€). Nos pratos principais, seria de mau tom não ter um polvo à lagareiro (19€) ou um bacalhau à Brás (16€), mas há também arroz de tamboril e camarão (18€) e bife do lombo à portuguesa (26€), enumerando alguns.

Entre as novidades podemos ainda notar, nas sopas, o gaspacho com jaquinzinhos fritos (6€), e nos petiscos as célebres saladinhas para picar como orelha de porco (4€), de bacalhau com grão (6€) ou ovas de pescada (6€).

Nas novidades de pratos principais, temos lagartos de porco preto grelhados, e se ainda tiver sorte, a acompanhar um arroz de espargos, tomate e queijo São Jorge DOP (14€). Nas sobremesas, o leite creme (5€) e os pastéis de Tentúgal com laranja (5€) dão o ar de sua graça, numa oferta que não podia ser mais portuguesa.

No Pica-Pau do chef Luís Gaspar, o receituário português é servido em pratos de barro
No Pica-Pau do chef Luís Gaspar, o receituário português é servido em pratos de barro Os pastéis de Tentugal com laranja são uma das novidades em sobremesas. créditos: Nuno Correia

O Pica-Pau tem ainda o célebre “prato do dia”, à hora de almoço (o preço varia conforma o prato), que também teve novidades na sua oferta. Assim, à terça passa a ser dia de choco frito (14€), à quinta raia alhada com batata cozida (14€) e ao sábado bacalhau à minhota (18€).

Nas bebidas, a carta de vinhos só inclui referências nacionais. Além dos tradicionais digestivos portugueses, há três cocktails feitos a partir de bebidas tradicionais: amarguinha (Amarguinha Sour, 6€), vinho do Porto (Old Porto Tonic, 6€), ginja (Ginginha Fizz, 6€) ou aguardentes (Madeira Mojito, 7€).

Pica-Pau

Morada: Rua da Escola Politécnica, nº27, 1250-009 Lisboa

Horário: De segunda a quinta, das 12h às 16h e das 19h às 0h00, sexta, sábado e vésperas de feriado, das 12h à 1h e domingos e feriados das 12h às 0h00.

Site: restaurantepicapau.pt

Telefone: +351 212 698 509

Mail: picapau@restaurantepicapau.pt

Tudo servido num ambiente que abriga facilmente 60 lugares, entre interior e esplanada, que nos dá um vislumbre para os pátios interiores dos prédios vizinhos, à velha moda lisboeta, ainda sem grandes mexidas e alterações.

O preço médio do Pica-Pau encontra-se entre os 20 e os 25€ e há ainda menus de grupo, com duas opções (30 e 60€, de acordo com o número de pratos escolhido), num espaço reservado para o efeito, a adega que se encontra na cave.

O SAPO Lifestyle esteve no Pica-Pau a convite do restaurante.