A menos de quinze dias da Semana da Moda de Milão, a capital do "Made in Italy", que acontece de 18 a 24 de fevereiro, a Câmara de Moda Italiana (CNMI) anunciou que no total cerca de mil compradores, jornalistas e estilistas chineses não vão comparecer no evento italiano por causa do coronavírus, mas que poderão assistir aos desfiles pela Internet.

"Construímos uma ponte com a China em vez de um muro, como fazem muitos, para enviar um sinal positivo e unitário, contra a ignorância e os preconceitos", disse Carlo Capasa, presidente da CNMI, ao apresentar o site batizado "China we are with you" (China, estamos contigo).

"Faremos tudo para transmitir àqueles que estão longe dos pódios da emoção e do conteúdo da moda", disse Capasa, ao mesmo tempo em que reconhece que assistir a um desfile pela Internet e ao vivo são coisas diferentes.

Além dos desfiles, a CNMI vai disponibilizar também no site encontros com estilistas diretamente dos bastidores dos desfiles.

Capasa disse ainda que a semana milanesa é a primeira a propor uma iniciativa assim, mas que está "aberta a outras semanas da moda e a outros eventos".

A Semana da Moda de Londres, que acontece de 14 a 18 de fevereiro, espera que o número de representantes dos "média e atacadistas chineses seja reduzido consideravelmente devido às restrições de viagem".

"Faremos o possível para que os desfiles sejam vistos pelas pessoas que não podem viajar e exploramos outras associações para aumentar o seu alcance", declarou em comunicado Caroline Rush, diretora do British Fashion Council (BFC), o sindicato da moda, sem dar mais informações.

Procurado pela AFP, o sindicato americano da moda (CFDA) declarou não ter nenhuma informação sobre possíveis cancelamentos dos desfiles de Nova Iorque, que acontecem de 7 a 12 de fevereiro, e publicou uma nota para dar informações sobre o coronavírus.

Várias marcas chinesas, como Mukzin e Sheguang Hu, dizem que os seus desfiles nova-iorquinos serão mantidos. A Semana da Moda Outono-Inverno 2020/2021 acontece em Paris de 24 de fevereiro a 3 de março.

Milão também decidiu que um estilista chinês, cujo nome foi mantido em segredo, abrirá a semana de desfiles, que acaba a 24 de fevereiro.

Três marcas chinesas - entre elas Angel Chen - anunciaram que não vão participar, já que não puderam concluir as suas coleções porque as suas fábricas estão fechadas.

A CMNI anunciou que a epidemia do coronavírus poderia levar a uma queda do volume de negócios de 1,8% na indústria italiana da moda nos primeiros seis meses de 2020.