
A Semana da Moda de Milão, que começou no dia 25, tenta revitalizar um mercado em baixa com as novas coleções femininas outono/inverno 2025-2026, num contexto de crise no setor do luxo.
A grande festa começou com o desfile da Gucci, um símbolo desta recessão: o proprietário, o grupo de luxo francês Kering, anunciou há 15 dias que os lucros caíram em 2024, afetados pela queda drástica de 23% nas vendas da sua principal marca, que enfrenta dificuldades há vários anos.
A saída do diretor artístico, Sabato De Sarno, a 6 de fevereiro, após apenas dois anos no cargo e vinte dias antes do desfile, teve um efeito explosivo. "A fase de transição terminou. Estamos agora na fase de retoma", que "implica uma nova direção artística", declarou o presidente da Kering, François-Henri Pinault, durante a apresentação dos resultados anuais, sem revelar quem irá suceder a Sabato De Sarno.
O grupo de luxo francês, que também é proprietário da Saint Laurent e da Bottega Veneta, viu o seu lucro líquido cair 62% no ano passado, para 1,13 mil milhões de euros. O volume de negócios caiu 12%, para 17,19 mil milhões de euros.
Setor em crise
Para o presidente da Câmara Nacional da Moda Italiana, Carlo Capasa, a Semana da Moda de Milão pretende "responder ao momento complexo que o setor atravessa" através da "criatividade, pragmatismo e flexibilidade, que sempre caracterizaram o Made in Italy".
A nível global, espera-se que apenas um terço das marcas de luxo tenham crescido até 2024, segundo uma análise de janeiro da Bain & Company.
O setor da moda italiano, que engloba óculos, joalharia e beleza, gerou um volume de negócios de pouco menos de 96 mil milhões de euros em 2024, uma queda de 5,3% face a 2023, segundo a Câmara Nacional da Moda.
Ausência da Bottega Veneta
O governo italiano destinou mais de 110 milhões de euros para 2024 e 2025 para enfrentar a crise do emprego no setor da moda.
Entretanto, a festa continua em pleno em Milão, com cerca de 153 eventos, incluindo 53 desfiles, até domingo.
Entre os momentos mais aguardados está o centenário da casa Fendi, com um desfile comemorativo (masculino e feminino) liderado pela sua diretora artística interina, Silvia Venturini Fendi. A marca canadiana DSquared celebrará o seu 30.º aniversário, enquanto a Kway assinalará os seus 60 anos.
Prada, Giorgio Armani, Versace, Max Mara, Ferragamo e Dolce & Gabbana marcarão presença, mas a Bottega Veneta estará ausente das passarelas, adiando para setembro o primeiro desfile concebido pela sua nova diretora artística, Louise Trotter, após a saída de Matthieu Blazy para a Chanel.
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