Em entrevista ao site Racked, a educadora e advogada Danielle Moodie-Mills mostrou-se cansada da falta de diversidade presente nas revistas de moda que lê diariamente, dizendo que as escolhas editoriais nem sempre são justas. "Há pessoas, como a Kate Bosworth, que eu vejo na capa de uma revista e penso 'Quando é que foi a última vez que ela entrou num filme?'"

Mas como é que os editores decidem quem colocar nas capas das suas publicações? Um dos fatores determinantes prende-se com a relevância dos projetos de cada celebridade. Será que têm um filme que vai estrear brevemente? Um novo disco? Uma série que vai regressar no outono?

Por exemplo, a atriz Anne Hathaway, que recentemente foi capa da InStyle, tem um novo filme: "O Estagiário". Já Miley Cyrus, que foi capa da edição de setembro da Marie Claire, vai apresentar os MTV Video Music Awards no final de agosto e a revista faz questão de mencionar isso no artigo. É raro uma celebridade aparecer numa capa de revista apenas porque sim.

Para além disto, artigo publicado pela Racked alerta para outra questão importante: que as mulheres de cor e de origem latina estão em minoria quando o assunto são revistas de moda.

Numa altura em que a cultura pop nunca teve tanta diversidade, seria expectável que se desse mais destaque a mulheres diferentes e exóticas, mas tal não acontece. Quando o assunto são capas de revista, a escolha recai maioritariamente sob celebridades caucasianas e de pele branca. Por exemplo, nos últimos cinco anos, Miley Cyrus foi capa da edição de setembro da Marie Claire duas vezes. Ao longo dos últimos dois anos, Katy Perry foi capa de revista cinco vezes. Já a supermodelo Karlie Kloss, em setembro de 2014 e março de 2015, foi capa da Vogue. Mas porque é que este fenómeno acontece? A editora da revista InStyle, Ariel Foxman, revela que a questão não se prende com a origem ou cor da pele das celebridades, mas sim com o facto de quem faz manchetes.

Em 2014, a revista Cosmopolitan fez capa com apenas duas mulheres de cor: Nicki Minaj e Demi Lovato. Em 2015, a Vogue colocou Serena Williams, na edição de janeiro, e Beyoncé, na edição de setembro. Apenas a InStyle se destacou por ter colocado, durante os meses de verão, mulheres negras e latinas em todas as suas capas: em junho foi Mindy Kaling, seguida de Zoe Saldana em julho e por fim Eva Longoria, em agosto.

Em setembro de 2013, a modelo Jourdan Dunn, de origem jamaicana, revelou ao jornal The Guardian que lhe disseram que as mulheres negras não vendem revistas. A verdade é que, independentemente de quem apareça na capa, as vendas de revistas de moda têm vindo a cair vertiginosamente durante os últimos cinco anos. Mas qual a solução? Inovação e originalidade parece ser a resposta. “Com a internet, Instagram e redes sociais, as pessoas são constantemente bombardeadas com imagens de celebridades. Atualmente não temos que nos prender aos projetos relevantes de cada celebridade - mas sim ao fator ‘wow’”, referiu a estilista freelancer Emil Wilbekin.