Uma integrante do grupo PETA invadiu a passerelle da Fendi na passada quarta-feira com um cartaz a dizer: "Animais não são roupas". Também esta quinta-feira, dia 22 de fevereiro, vários grupos contra o uso de peles reforçaram a campanha, desta vez contra a Max Mara.

Mais de 1.500 marcas de roupa deixaram de utilizar peles nos últimos anos, mas algumas ainda insistem.

Esta quinta-feira, pelo segundo dia consecutivo, um balão com a mensagem "Max Mara Go Fur-Free" ("Max Mara, deixe de utilizar peles") sobrevoou a sede da empresa na região de Emilia-Romagna (norte).

Esta operação conta com o apoio da Fur Free Alliance (Aliança sem Peles), composta por mais de 50 associações de proteção aos animais, entre elas a Humane Society International e a italiana Lega Anti-Vivisezione, (LAV) que acompanha a Max Mara desde o início do mês.

A campanha, que multiplica manifestações, publicações nas redes sociais, telefonemas e e-mails, coincide com a temporada das Semanas da Moda em Nova Iorque, Londres, Milão e Paris, que acontecem até ao dia 5 de março.

A Max Mara, que não apresentou peles no desfile desta quinta-feira, não respondeu às perguntas da AFP.

Ao contrário da Fendi, que começou como uma marca de peles, a Max Mara é mais conhecida por causa dos luxosos casacos de lã e pelo de camelo, e ocasionalmente utiliza peles em acabamentos de capuzes e punhos.

A marca poderia prescindir da pele, afirma Simone Pavesi da LAV. "É realmente uma questão de indiferença. Poderia resolvé-lo de uma temporada para a outra", avalia, lamentando que a empresa rejeite discutir com as associações.

Do lado de fora do desfile da Max Mara, Anna Kirichenko, de 32 anos, utiliza um gorro de ski preto combinado com uma jaqueta preta de pele sintética.

"Há tantas alternativas (à pele verdadeira). Não gosto do cheiro da morte", comenta.

Asfixiados ou eletrocutados

Gucci, Versace, Armani, Prada, Valentino e Dolce & Gabbana são algumas das marcas que deixaram de utilizar peles. Do lado dos que insistem estão, por exemplo, Louis Vuitton e Hermès.

Os militantes invocam a crueldade na criação de animais como raposas, visons, chinchilas e coelhos confinados em jaulas antes de serem asfixiados ou eletrocutados.

Ativistas infiltrados revelaram as condições deploráveis dos animais: doentes, stressados, com automutilações e infeções.

Porém, o setor diz ser menos nocivo para o meio ambiente, afirmação rejeitada pelos ativistas. Para os ativistas, a pegada de carbono é superior à da produção de peles sintéticas.

Embora 17 países da UE tenham adotado medidas em dezembro para proibir total ou parcialmente a criação de animais para este fim, a venda de peles não é proibida em países como Israel e cidades americanas como a Califórnia.

No entanto, a Comissão Europeia deve decidir antes de março de 2026 sobre uma possível proibição da exploração e vendas de peles. Também pode optar por adotar "normas apropriadas" para respeitar o bem-estar dos animais.

Segundo a LAV, a Max Mara bloqueou comentários hostis na sua conta do Instagram desde quarta-feira.

"Uma campanha de pressão não nos interessa. Preferimos falar com a empresa, explicar os nossos motivos e convencê-la a deixar de usar peles", argumenta Pavesi.