No derradeiro dia de desfiles, sábado 28, o Portugal Fashion regressou àquele que tem sido o seu centro nevrálgico nos últimos anos: a Alfândega do Porto. Fátima Lopes fechou o dia com a coleção “Black Rainbow”, em que, com as suas “silhuetas arquiteturais e desconstruídas, assimétricas e curvilíneas, a criadora desenhou o sedutor look de uma nova amazona”. Nas propostas da estilista madeirense para a estação fria há a destacar o uso de peles em vestidos e casacos, bem como as combinações de seda e cachemira e a aplicação de rendas que dão “um toque feminino às silhuetas altas e estruturadas”. Já “os vestidos surgem sobrepostos em calças e os casacos em vestidos, as capas são utilizadas sobre os ombros e as combinações são duplas: calças de tamanho curto e vestidos semilongos”. Quanto às cores, dominam os tons púrpura profundos, os verdes secos e delicados e os azuis orgânicos. Para Fátima Lopes, “o resultado foi simples, chique e ideal para uma mulher moderna e independente”.

O dia começou bastante cedo, com o coletivo de sapatos, composto pelas marcas Dkode, Fly London, Goldmud, J.Reinaldo, Nobrand e Silvia Retatto. Este desfile foi marcado pelo regresso de Jéssica Athayde às passarelles depois da polémica em que foi envolta depois do desfile em biquíni na Modalisboa. As marcas portuguesas de calçado apresentaram as suas propostas para o próximo outono/inverno. O mesmo aconteceu com as marcas de Indústria (Ballentina, Cheyenne, Concreto e Mad Dragon Seeker), que mostraram as suas criatividades para a mesma estação. Destaque para um modelo especial, Daniel Maia, de 17 anos, que desfilou para as marcas Cheyenne e Mad Dragon Seeker by com o objetivo de sublinhar a ideia de que a Síndrome de Down não tem de ser sinónimo de isolamento social nem é impedimento para a generalidade das atividades humanas.

Vicri apresentou a coleção "Quadrophenia Man” e contou com Raquel Strada e o seu cão, Tufão, para a abertura do desfile. Neste outono/inverno, para os fatos, a marca apresentou propostas elegantes e coordenados irrepreensíveis de uma forma despretensiosa e recriou propostas em lãs virgens super-penteadas, que se inspiram em padrões do passado e recuperam as bases de tons clássicos com jacquards multicoloridos. Também na camisaria e na gravataria, o coração da marca, predominam os jacquards mais texturados, ao estilo italiano, e as sedas elevam o micro desenho em gravatas finas. A paleta de cores foi sóbria, profunda, quente e masculina.

Para a estação outono/inverno 2015-16, a Lion of Porches propôs um total look, respondendo às várias situações do dia-a-dia moderno. Peças versáteis que podem ser coordenadas de formas distintas, criando looks inesperados. Os materiais são nobres e sofisticados e a riqueza dos detalhes torna a coleção especial e refinada, sendo que nesta coleção há lugar para todos: homens, mulheres e crianças.

Nuno Baltazar foi o designer que se seguiu e criou uma coleção marcada pelos tons branco e preto, e com recurso a azuis, mostarda e rosa. Esta foi a segunda edição em que o estilista apresentou a sua coleção no Portugal Fashion, sendo que para a estação de outono/inverno apenas fez a apresentação neste certame, ficando de fora da Modalisboa, onde costuma habitualmente expôr as suas coleções. Esta foi uma coleção marcada pelo estilo feminino, com um toque de elegância e desportivo, num visual despojado de uma mulher forte.

"Entre serras" foi o nome dado à proposta de TM Collection para o próximo outono/inverno. Esta coleção transporta-nos para uma realidade em que a bruma daserra, imponente e austera, se funde com a leveza e transparêncido ar, numa paleta de cores, brilhos e sombras que preenchem os
nossos sentidos e nos fazem sonhar. A silhueta das peças libertas e das curvas do corpo, numa matriz livre e solta edificada em lãs
que abraçam, algodões que aconchegam, veludos que enaltecem e sedas que iluminam.

Luís Onofre foi um dos últimos designers a pisar a passarelle da Alfândega do Porto com a coleção "Lust for life". Os sapatos e sandálias surgem como símbolo máximo do domínio feminino, quer quando se inspiram numa tendência soft bondage - onde pontuam tiras e atilhos - ou na masculinização de padrões militares camuflados em pelo, que depois se replicam nos ténis. Os botins são os modelos mais versáteis da coleção e destacam a dicotomia entre a austeridade da pele e a suavidade colorida dos interiores em pêlo. Nas botas, símbolo máximo do calçado de inverno, a altura dos saltos e dos canos apodera-se da forma. Unidos pelo preto, surgem contrastes extremos com vermelhos envernizados, laranjas, ouros, azul-cobalto e progressivos degradés de nude escurecido até ao marsala. Destacam-se as peles metalizadas, vernizes de alto brilho, vernizes oxidados num tom mais vintage, pelos coloridos e pequenos apontamentos de aplicações em níquel preto e ouro rosa.Numa combinação cuidadosamente imperfeita, as malas tendem a contrastar com os sapatos, tanto no material como no tom. Divergindo entre o micro e o maxi, os formatos adequam-se à diversidade do quotidiano e dividem-se entre shopping bag, clutch e bucket.

Dielmar trouxe-nos "The tweed run", onde usar a imaginação e não ter medo de misturar padrões é a regra. De destacar os fatos e casacos de tweed, coletes, laços e gravatas de motivos diversos, em combinação com calças de veludo cotelet ou complementados com um par de chinos ou calças de flanela, construindo um visual vintage e um look contemporâneo. A paleta de cores evolui de uma gama de pretos e cinzas profundos salpicados por amarelo e dourado para um grupo de azuis, castanhos e beges, terminando num ambiente de verde e burgundy. Por todo o lado proliferam os quadrados em diferentes peças, pesos, composições e coordenação de cores: vayelas de camisaria, shetlands e lãs feltradas, misturas de lã/seda/caxemira e linhos de inverno. Os bottonato coloridos e os bouclé conferem um aspeto de modernidade e inovação a uma coleção de inspiração retro.

Destaque para os desfiles de Align with Kay, Eduardo Amorim, Atelier CTRL e Teresa Abrunhosa que desfilaram para a plataforma Bloom.

Durante 4 dias vamos poder ver 13 desfiles individuais de criadores, dois desfiles duplos de criadores, dois desfiles coletivos de marcas (calçado e vestuário), cinco desfiles individuais de marcas de vestuário e nove desfiles do projeto Bloom. Ao todo, o evento reúne 17 criadores, nove marcas de vestuário e seis marcas de calçado, bem como seis jovens designers e quatro marcas de jovens designers.

Veja todos os desfiles no Dossier da 36ª edição do Portugal Fashion.