A Dolce & Gabbana apresentou este sábado, em Milão, um desfile sobre a elegância italiana, mas sem abrir mão do seu ADN, de brilhos, laminados e estampas barrocas.
Ao som de jazz, com grandes cortinas vermelhas e lustres de cristal, Domenico Dolce e Stefano Gabbana escolheram um ambiente de cabaré dos anos 1930 para apresentar sua nova coleção masculina outono-inverno 2019-2020.
O convite marcou o tom do desfile, onde se lia a palavra "Eleganza" (elegância em italiano).
Para lembrar a importante tradição do artesanato da península, foi reconstruído como pano de fundo um atelier de costura, onde havia costureiros a tirar medidas, a cortar e a costurar, enquanto os modelos desfilavam na passerelle.
Afastando-se da tradição, a dupla de estilistas evitou utilizar celebridades ou filhos de celebridades para apresentar a sua nova coleção.
No guarda-roupa "chique e sóbrio" da D&G para o próximo inverno, veremos casacos ajustados e 'smokings' pretos, conjuntos brancos com gravata borboleta, calças de pregas com estampado príncipe de gales.
Mas a casa não abriu mão do seu ADN, com blusões ou casacos quimono, conjuntos de veludo (em roxo, castanho e laranja) e sweaters ou casacos com brilhos.
O homem D&G veste fatos laminados, em dourado e preto, ou em azul profundo e prata, acompanhados de sapatos de veludo ou pedras brilhantes, e tecidos com estampas barrocas, religiosas ou de rosas.
Boicote chinês
"Gostaríamos de lançar uma mensagem às novas gerações sobre o valor da elegância. Quando se diz esta palavra, pensa-se em algo velho e, na verdade, é intemporal", disse Stefano Gabbana à imprensa italiana.
"Esta coleção é o oposto das últimas temporadas, viramos a página", acrescentou, sem comentar o ocorrido na China.
A empresa passou por um período turbulento depois de uma polémica suscitada no país por um vídeo e comentários considerados racistas, divulgados pela D&G, e sobretudo Stefano Gabbana, em novembro.
Os principais sites chineses de comércio on-line decidiram boicotar a marca, um duro golpe para a casa italiana, que tem na China um terço da sua faturação.
Perante o escândalo, Stefano Gabbana e Domenico Dolce fizeram circular na rede social chinesa Weibo um vídeo em que pedem desculpas e declaram o seu amor ao país asiático.
Os sites na Internet Taobao e JD.com, muito populares, continuavam sem vender este sábado os produtos da dupla siciliana.
No desfile em Milão foi possível ver, ao contrário de outros desfiles, alguns chineses na plateia.
Cores fortes na Versace
O outro grande momento deste segundo dia da Semana da Moda 'masculina' de Milão foi o desfile multicolorido e excêntrico da casa Versace que, seguindo uma tendência já implantada, optou por um evento "co-ed" (misto).
No seu primeiro desfile em Itália desde setembro, quando ficou sob o controle do americano Michael Kors, a companhia recorreu às famosas modelos Kaia Gerber, Bella Hadid e Emily Ratajkowski.
A mulher Versace é deliberadamente sexy, sai de camisola de renda e saltos altos.
O homem, por sua vez, não tem medo de usar longos casacos com estampado de leopardo e o cabelo tingido de acordo. Ostenta cores berrantes, casacos cor-de-rosa, fatos de riscas amarelas e pretas ou estampas inverossímeis.
Pela manhã, a marca 1992 desfilou nos salões do hotel cinco estrelas Principe di Savoia, lugar onde foram celebrados os primeiros desfiles de moda em Milão.
O DJ e estilista Dorian Stefano Tarantini, que veste, entre outros, Rihanna, criou uma coleção inspirada em Londres, com um blusão com a bandeira do Reino Unido e vestidos com forte inspiração "Swinging London".
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