O desfile "Du coeur à la main" ("Do coração para a mão") foi um grande sucesso no ano passado em Milão, Itália, e agora tornou-se no cartão de visita da Maison na capital da moda, cidade onde a dupla nunca desfilou.
Organizado no recentemente reformado Grand Palais, com uma atmosfera sumptuosa em cada uma das dez salas, "Du coeur à la main" mostra todas as influências de Domenico Dolce (siciliano) e Steffano Gabbana (milanês).
E as influências artísticas na Itália são inesgotáveis: o Renascimento, com uma sala que homenageia o Palácio Farnese, a inspiração clássica de Roma e Bizâncio, a devoção religiosa, o colorido das festas populares sicilianas, com uma sala inteiramente decorada com azulejos pintados à mão, o filme "O Leopardo".
Aberta até ao dia 31 de março, a exposição inclui uma reprodução do atelier da dupla, onde as suas funcionárias estavam ocupadas a costurar vestidos esta quinta-feira, dia 9 de janeiro.
A exposição abre duas semanas antes do início da temporada de moda de Paris, primeiro com a Semana de Moda Masculina (21 a 26 de janeiro) e depois com a Alta Costura (27 a 30 de janeiro).
Vestidos super exclusivos
A Dolce&Gabbana lançou a sua primeira coleção há 40 anos, em 1985, com um lençol como cortina decorativa. Desde então, a dupla tornou-se num dos principais nomes da moda italiana, com incursões em acessórios e decoração.
"Esta é a primeira vez que apresentam o seu trabalho e revelam a sua alta costura", disse Florence Müller, curadora da exposição.
Os desfiles da Dolce&Gabbana, sempre realizados em algum cenário italiano, das ruínas greco-romanas de Agrigento ao La Scala de Milão, transformaram-se num dos eventos mais exclusivos do mundo da moda.
"As coleções são bastante confidenciais, reservadas a clientes de alta costura", acrescenta a curadora. Alguns dos vestidos são únicos, explica.
Uma "Madonna" do pintor Rafael fica igualmente bem num casaco masculino ou numa saia ampla feminina, bordada com lápis-lazúli. O famoso "Retrato de um Músico" (1485) de Leonardo da Vinci é tecido em seda e malha de algodão.
A era greco-romana é representada em camadas e vestidos com estampas mas geométricos, mas reinventada com referências do estilo cinematográfico peplum. "Os vestidos remetem à decoração, e vice-versa", explica a curadora.
Um enorme coração sangrento, dourado, no estilo das imagens religiosas barrocas, destaca-se na sala dedicada à devoção católica, com uma grande capa de renda preta bordada com fios de ouro e pedrarias.
Um repertório artesanal que tem feito sucesso para a marca, que em março do ano passado apresentou um balanço otimista, com um aumento de 17% nas vendas, atingindo 1,871 mil milhões de euros.
A Dolce&Gabbana, no entanto, considera abrir capital a investidores, explicou o presidente, Alfonso Dolce, irmão do estilista, em julho de 2024.
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