Gostava de fazer depilação definitiva mas ainda tem muitas dúvidas? Então este texto é precisamente para si! Nos últimos anos, o recurso a esta solução de remoção de pelos aumentou de forma considerável mas, apesar da evolução que se tem verificado, muitas mulheres ainda manifestam receios. Nídia Abreu, médica de medicina estética, esclarece tudo o que precisa de saber antes de se livrar dos incómodos pelos.

Em rigor, deve-se falar em fotodepilação, que tem dois sistemas, o laser e a luz pulsada. Fotodepilação significa depilar (eliminar o pelo) através de luz e baseia-se no princípio da fototermolise seletiva. O disparo de luz atua seletivamente na melanina do pelo, o pigmento que lhe dá cor, atuando. Transforma-a em calor (termo) e este vai destruir (lise) as células germinativas do bolbo piloso.

É mesmo para sempre?

Até aos dias de hoje, é uma das melhores opções para quem se quer livrar dos pelos indesejados de forma definitiva, como garantem muitos especialistas, nacionais e internacionais. O termo definitivo é utilizado de uma forma incorreta ou excessiva. Definitivo quer dizer nunca mais. Mas não há nenhum método que possa garantir que o pelo nunca mais cresça. O termo correto seria talvez progressivo.

Após as primeiras sessões e, independentemente da zona a tratar e do tipo de pelo, este vai crescendo cada vez em menor quantidade, mais enfraquecido e de forma mais demorada. Por isso, as primeiras sessões deverão ser feitas com intervalos de 30 dias, intervalos esses que vão sendo cada vez mais distanciados, com intervalos de 40, 60 e 80 dias, até que só se repetirão quando o pelo voltar a crescer.

Nalguns casos, poderão atingir períodos superiores a um ano. A quantidade de pelo, quando cresce, nessa altura, passa cada vez mais reduzida, requerendo sessões muito esporádicas. Segundo alguns estudos, depois de seis anos a aplicar estas técnicas, os resultados são de 90% de êxito, sendo que nos 10% restantes, essa situação não se verificou, como vieram a público sublinhar vários especialistas.

Por motivos desconhecidos ou devido ao aparecimento de doenças endócrinas ou à toma de certos medicamentos, ainda voltou a crescer algum pelo nalgumas das mulheres que se submeteram a estes tratamentos de depilação definitiva. No entanto, regista-se, mesmo nestes casos, uma redução de mais de 80%, asseguram os cientistas que levaram a cabo investigações para aprofundar o problema.

Luz pulsada ou laser? 

As diferenças entre luz pulsada e laser têm a ver com as características da luz. Assim, a luz pulsada é uma luz não coerente, difusa e dispersa com baixa capacidade de penetração mas, mediante a utilização de filtros óticos, é filtrada, obtendo-se luz de determinado comprimento de onda idónea para o fim a que se destina. O laser é uma luz monocromática, coerente e de alta intensidade e capacidade de penetração.

Para escolher entre ambas, tem de se fazer uma avaliação da pessoa, um breve historial clínico dos seus antecedentes pessoais e familiares, pesquisar a presença de determinadas doenças, excluir a ingestão de determinados medicamentos e saber se recorreu a tratamentos de depilação anteriormente. Depois, é fulcral avaliar o fototipo, a forma como a pele responde à exposição solar.

As áreas que se querem tratar e o tipo de pelo a remover também são alvo de análise. Podem ser feitas provas para determinar a resposta da pele ao método proposto, nomeadamente se se tratar de um fototipo alto, como sucede nas pessoas com pele escura. É, por isso, fundamental que lhe expliquem criteriosamente as diferentes opções existentes e o porquê da escolha daquela que lhe propõem.

Qual a melhor altura para a fazer?

A melhor altura para fazer depilação defintiva é fora das épocas em que há sol, para evitar o risco de queimadura e hipopigmentação, as famosas manchas. A explicação é simples. "Como o laser atua através da cor, nas pessoas com pele mais escura existe o risco de queimadura", explica Nídia Abreu. Para além disso, depois da fotodepilação, a pele fica mais sensível, exigindo precauções acrescidas.

Se for exposta ao sol, pode desencadear reações adversas. Por isso, apesar de haver sol praticamente todo o ano, em Portugal, a altura do ano ideal para fazer fotodepilação é entre o outono e a primavera, as épocas em que a exposição solar é menos perigosa e que, por circunstâncias sócio-culturais, nos expomos menos. No entanto, acaba por ser no verão que muitos acabam por pensar nesta alternativa.

Quem não deve fazer depilação definitiva?

As pessoas de fototipo alto, V e VI, peles escuras, não devem fazer depilação definitiva pelo risco de queimadura, queloides e hipopigmentação. "Como o laser atua através da cor, nas pessoas com pele mais escura existe o risco de queimadura", explica Nádia Abreu. Algumas doenças (doenças autoimunes, diabetes insulino-dependente) também podem ser contraindicações. Não são, todavia, as únicas.

Para além disso, situações infeciosas sistémicas, feridas, infeções de pele no local a tratar ou herpes, são contraindicações momentâneas, que contrastam com outras que podem ser mais duradouras. Por outro lado, há medicamentos que produzem graus diferentes de fotosensibilização, portanto enquanto a sua toma ou aplicação e durante algum tempo após o tratamento não deve ser feita fotodepilação.

Na lista dos fármacos que exigem precauções, incluem-se alguns medicamentos para a acne, alguns antibióticos, corticoides, alguns anticoncetivos orais, alguns antidepressivos e até alguns antiarritmicos. Na gravidez e na amamentação, pela produção de prolactina que provoca alterações temporárias da pigmentação, também não é aconselhada. No que diz respeito à idade, só se deve fazer depois da adolescência.

O protetor solar é mesmo indispensável após a depilação definitiva?

É obrigatório o uso de protetores solares altos após a fotodepilação. Para além disso, não se deve fazer fotodepilação quando tiver havido exposição solar nos dias anteriores (em média, entre 10 a 30 dias, consoante o método optado) ou se pretende expor-se ao sol nos dias seguintes ao procedimento (10 dias depois), nem quando a pele ainda está bronzeada, mesmo que a exposição solar tenha sido há bastante tempo ou resultado de solários ou autobronzeadores, pelo perigo de queimaduras ou hipopigmentações.

Quantas sessões são necessárias?

É imprevisível, variando de pessoa para pessoa, e, na mesma pessoa, do local do corpo a tratar. Influenciam o aparecimento e a velocidade de crescimento do pelo diversos fatores como hereditariedade, oscilações fisiológicas hormonais (adolescência, gravidez ou menopausa, por exemplo), doenças, toma de certos medicamentos e até os estilos de vida, sobretudo em situações de stresse e ansiedade.

Quanto às diferentes zonas do corpo a tratar, os resultados dependem das características da pele nessas zonas (cor, textura, número de recetores hormonais e/ou densidade de folículos), das características do pelo (cor e espessura) e também da fase do crescimento do pelo em que se faz a fotodepilação.

É na fase anagenea, a primeira fase de crescimento do pelo, quando a sua raiz está unida à papila, que é mais eficaz. Quanto mais escuro e mais grosso for o pelo e mais clara a pele, melhor a ação do laser/luz pulsada, como também reconhecem muitos especialistas. Em média, preconiza-se inicialmente seis sessões, o que implica, pelo menos, seis meses de tratamento.

Existem zonas proibidas?

Não há zonas interditas. Não é, contudo, recomendável, tratar debaixo das sobrancelhas, por eventuais lesões da retina. Tem que se ter precaução redobrada na restante região peri-ocular, na zona peri-labial (cuidado com os aparelhos dentários e maquilhagem definitiva), na região da abertura do nariz e na abertura do canal auditivo externo.

Também deve ser evitada nas aréolas, na região peri-anal, nas zonas genitais em que a pele é mais escura, nas zonas com manchas epidérmicas (vulgares sinais e verrugas), nas cicatrizes, em doentes com insuficiência venosa periférica grave (varizes) e nas zonas tatuadas.

Preços mais elevados querem dizer melhores resultados?

O preço não deve ser o fator decisivo na escolha, embora, atualmente, mais do que nunca, seja importante. Não se esqueça, no entanto, que um preço mais barato por sessão não significa necessariamente um tratamento mais económico, porque pode requerer um maior número de sessões para atingir o resultado pretendido. A escolha deve ser feita com base na confiança e na segurança que o local e a equipa técnica transmitem, após avaliação e ponderação de todas as informações prestadas.

Texto: Sandra Santos Cardoso com Nídia Abreu (médica de medicina estética)