As novidades sucedem-se a um ritmo por vezes alucinante. Para exibir unhas, cabelo e pele perfeitos durante mais tempo, têm vindo a surgir novas técnicas que rapidamente se tornam tendência pelos resultados que conseguem oferecer. Unhas de gel, alisamentos capilares, madeixas californianas ou epilação com linha (threading) são algumas delas. Mas, apesar de lhe permitirem uma aparência ultra feminina, alguns destes gestos de beleza podem ter consequências nefasta para a sua saúde.
Atenta ao problema, a Prevenir falou com o médico dermatologista Miguel Trincheiras e com Paula Quirino, médica especialista em patologia do cabelo, que apontam os riscos por detrás de algumas das técnicas a que as mulheres mais recorrem para se sentirem bonitas, mas também indicam alguns dos cuidados a adotar por quem não quer abdicar destes mimos que nos fazem sentir mais confiantes com a nossa imagem. Descubra os perigos que pode estar a correr.
Unhas de gel
A maioria dos geles utilizados para o efeito «são seguros, desde que sejam aplicados apenas na unha e não na pele, já que alguns componentes podem agredir ou sensibilizá-la», refere o dermatologista Miguel Trincheiras. Existe ainda a ideia de que as unhas de gel criam fungos mas isso, segundo o especialista, só acontece «se houver uma má aplicação do mesmo». Deve, por isso, aplicar protetor solar nas mãos antes de cada sessão para proteger a pele dos raios UV, usados neste serviço. Após a colocação do gel, aplique um óleo na cutícula todos os dias», recomenda o dermatologista.
Este processo não se aconselha a «pessoas com fungos ou lesões nas unhas ou feridas nas cutículas, se estiverem sensibilizadas aos acrilatos ou ainda outros problemas inflamatórios de pele», recomenda. E não se esqueça. Nunca retire as unhas com os dentes. «Ao arrancar o gel pode danificar-se a matriz da unha e comprometer o aspeto da mesma», alerta o dermatologista que aconselha, ainda, um intervalo mínimo de três semanas entre serviços.
Threading
A epilação de sobrancelhas e buço com linha é uma técnica mais higiénica e segura do que outras técnicas de epilação. Segundo Miguel Trincheiras, «como não são usados produtos químicos, esta técnica oferece mais segurança para a pele. O fio deve ser 100 por cento de algodão para não a agredir». No entanto, «é essencial que a pele esteja limpa antes de começar a epilação. Após a sessão aplique um hidratante calmante ou um óleo hidratante (como o óleo de rosa mosqueta) sobre a área epilada, para que a pele possa acalmar da agressão», recomenda o especialista.
Esta técnica não se aconselha a «pessoas com feridas ou lesionadas na zona onde pretendem ser epiladas». O dermatologista alerta, ainda para que nunca se esfolie a zona nem apanhe sol logo após o processo de epilação. «A pele está muito sensível e mais facilmente poderá sofrer lesões ou pigmentações provocadas pelo sol», refere. O intervalo aconselhado entre serviços é de um mês, «podendo ser um pouco menos, dependendo do tipo de pele e da velocidade de crescimento do pelo», diz ainda.
Madeixas californianas
Consistem num tipo de coloração de cabelo, inspirada no visual das surfistas da Califórnia, com pontas bastante mais claras do que a raiz. «É uma técnica que agride os fios, por isso, o ideal é realizar este processo num cabeleireiro e confirmar qual é o produto mais adequado ao seu caso», aconselha Paula Quirino. A médica dermatologista especialista em patologia do cabelo alerta para que «não pinte o cabelo pelo menos nos 15 dias anteriores à realização de californianas.
É imprescindível hidratar o cabelo antes, durante e após o serviço. Use máscaras hidratantes com frequência, óleos reparadores e finalizadores nutritivos», aconselha a dermatologista que sublinha «não se aconselha a crianças, grávidas e pessoas com problemas respiratórios ou com alergias. Também nunca se deve aumentar o tempo de pose do produto em relação ao indicado. Três meses é o intervalo de tempo aconselhado entre serviços», recomenda ainda.
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Extensões
O ideal é recorrer a este serviço num cabeleireiro de confiança, devendo evitar o uso de cabelo sintético, como aconselha Paula Quirino. «Se o profissional não souber colocar bem a queratina ou se esta for de má qualidade, poderá haver um impacto negativo na saúde do seu cabelo», refere. Depois de feitas as extensões, adote cuidados redobrados com os novos fios. «Escove-os diariamente e proteja-os de traumatismos, apanhando o cabelo antes de dormir e durante a prática de desportos de contacto», refere.
«Se não adotar estes cuidados pode danificar o couro cabeludo e o seu cabelo, podendo mesmo ocorrer uma queda de origem traumática (alopecia por tração)», alerta Paula Quirino. Um processo totalmente desaconselhado a pessoas com problemas capilares. «Cabelo muito fino, fraco, quebradiço ou submetido a muitos processos químicos. Nestes casos, o peso das madeixas de cabelo extra pode favorecer e/ou agravar a queda», alerta.
Quem adota esta técnica não deve permanecer nunca com as extensões durante mais tempo do que o aconselhado e dever respeitar sempre as datas de manutenção indicadas pelo seu cabeleireiro que é variável, consoante o tipo de extensões e o tipo de cabelo. Em média, devem ser trocadas duas a três vezes por ano.
Alisamento capilar
Consiste num processo químico que modifica a estrutura interna do cabelo, agredindo-o, pelo que deve ser feito com muita atenção. Para isso deve reduzir o uso de produtos químicos no cabelo, como colorações, pelo menos, nos 15 dias que antecedem o alisamento. Isso vai evitar a fragilidade e secura capilar. Durante a aplicação, assegure-se de que o produto não entra em contacto com a pele e certifique-se de que o produto utilizado na primeira sessão é mantido nos alisamentos seguintes, de forma a garantir que não é utilizado um químico diferente. Evite que sejam utilizados produtos com formol, já que, de acordo com estudos, este reagente químico altera o ADN celular e pode causar cancro», explica a dermatologista Paula Quirino.
O alisamento capitar não se aconselha a crianças, grávidas e pessoas com problemas respiratórios ou com alergias. Nunca pinte o cabelo no mesmo dia do alisamento: «Dois processos químicos fortes danificam gravemente a haste capilar», explica Paula Quirino. Evite também o uso diário de secador ou de placa térmica. O intervalo aconselhado entre serviços deverá ser de seis meses.
Como escolher o salão ideal
A escolha do espaço e dos profissionais onde faz as suas opções de beleza determina, em grande parte, o resultado final. Os dermatologistas recomendam que, ao escolher o espaço, verifique se:
- É limpo e ventilado.
- Os profissionais desinfetam as mãos e esterilizam os materiais usados em cada serviço.
- Os materiais descartáveis são abertos à frente do cliente e colocados no lixo no final.
- Os profissionais utilizam luvas e máscara no rosto (quando necessário).
- Os materiais utilizados são de boa qualidade.
- Os profissionais têm experiência e formação adequada.
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O que tem de saber sobre tatuagens
A escolha de um tatuador de confiança é um dos aspetos mais importantes para garantir a qualidade e segurança do serviço que irá realizar na pele. Grávidas, pessoas com doenças autoimunes, doenças de pele, tendência para quelóides, eczemas, lesões e feridas na área não devem fazer tatuagens. Por isso, é essencial consultar um dermatologista antes de se aventurar na tatuagem. Tenha em atenção que a utilização de pigmentos de má qualidade pode causar alergias e reações de corpo estranho na pele (granulomas).
Depois de finalizado o trabalho, deve-se proteger a pele com película aderente para evitar o contacto com micróbios e bactérias. Aplique, ainda, uma loção regenerativa para acelerar e melhorar a cicatrização cutânea. A duração máxima da sessão deverá ser de quatro horas. O tempo que o cliente e o tatuador aguentam tranquilamente o procedimento. Três a quatro semanas é o tempo mínimo aconselhado entre sessões.
Texto: Stela Martins com colaboração e revisão científica de Miguel Trincheiras (médico dermatologista especialista em laser e dermocosmética) e Paula Quirino (médica dermatologista especialista em patologia do cabelo)
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