O passar dos anos, a amamentação, a menopausa, a exposição solar, o tabagismo e as oscilações de peso são fatores que contribuem para a flacidez do peito, a atrofia da glândula mamária e a perda de firmeza dos tecidos cutâneos. Com o recurso à mastopexia, a cirurgia de subida do peito, procurada por milhares de mulheres em todo o mundo, pode-se corrigir esses defeitos. O resultado é um peito mais firme, turgente e, em alguns casos, maior.
O objetivo da cirurgia de elevação dos seios, conhecida como mastopexia, de acordo o cirurgião plástico Francisco Melo, é «reposicionar a mama numa posição mais correta e harmoniosa». «No fundo, consiste numa correcção da posição e numa melhoria da forma», explica. Para isso, é necessário reposicionar o mamilo, remodelar a glândula mamária e eliminar o excesso de pele.
O que mudou nas últimas décadas
Em alguns casos, sobretudo quando o peito parece vazio, pode ser necessário colocar uma prótese que lhe devolva o volume perdido. Nos últimos 20 anos, esta intervenção cirúrgica evoluiu muito e, atualmente, os seus resultados são muito mais estéticos e duradouros do que eram no passado. O fator-chave da intervenção continua, contudo, a ser a qualidade da pele da paciente.
«A pele continua a ser determinante para o sucesso da cirurgia», sublinha o especialista. «Não só é uma das principais causas da ptose [queda], como a sua falta de qualidade pode fazer com que volte a cair, sendo a pele pouco elástica aquela que mais cede», esclarece ainda Francisco Melo. As cicatrizes também dependem da quantidade de pele a remover, que varia de mulher para mulher.
Nos casos moderados, poderá ser suficiente uma cicatriz péri-aréolar com um prolongamento vertical, mas em casos mais marcados, será necessário uma cicatriz em T invertido. «O músculo peitoral tem pouca ou nenhuma capacidade para sustentar a mama. São os ligamentos suspensores que o fazem e estão geralmente deficitários. Assim, o ajustar da pele continua a funcionar como um soutien», acrescenta o especialista.
A preparação
Durante a primeira consulta, o cirurgião plástico avalia o tamanho e a forma da mama, a textura e elasticidade da pele e o estado geral de saúde da paciente. E faz ainda um exame minucioso ao peito. De seguida, dá a conhecer detalhadamente as diferentes técnicas cirúrgicas à paciente e, juntos, discutem o tamanho e a forma que terá a sua mama e as opções ou combinação de procedimentos que lhe sejam mais favoráveis.
Nessa altura, são também abordados os riscos e as limitações que a operação acarreta. Colhida a história clínica, passa-se aos exames complementares, que incluem análises clínicas, electrocardiograma, radiografia do tórax e mamografia, «para despistar outros problemas de ordem clínica e para avaliar o padrão laboratorial e físico da paciente», como refere Francisco Melo.
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A operação passo a passo
1. Marcação
A intervenção cirúrgica inicia-se com as marcações, com a paciente de pé ou sentada, que irão determinar a modificação. Pata tal, «existem várias técnicas, mas de comum têm a marcação da nova posição da aréola e do mamilo, bem como a localização e as dimensões das incisões cirúrgicas», afirma o cirurgião plástico.
2. Anestesia
Geralmente, a cirurgia realiza-se sob anestesia geral, contudo, pode utilizar-se anestesia local. «Depende do método cirúrgico, do cirurgião, da doente e das opções do anestesiologista», confirma o cirurgião plástico.
3. Incisão
As incisões «dependem da técnica a usar, mas uma incisão peri-aréolar e uma outra vertical são comuns a quase todas as técnicas», diz. «Por vezes, é necessário remover mais pele e então prolongam-se para o sulco submamário», refere Francisco Melo.
4. Suturas
A sutura é feita «em volta da aréola, numa linha vertical, desde a aréola até ao sulco mamário, podendo prolongar-se lateralmente», descreve Francisco Melo. Em determinados casos, quando a mama é pequena e está pouco caída, a incisão faz-se apenas ao redor da aréola. Pode também ser necessário colocar uma prótese por trás do tecido mamário ou do músculo peitoral em mamas com pouco volume.
5. Penso
Depois da cirurgia, à semelhança de outros procedimentos cirúrgicos, faz-se o penso.
Como se processa a recuperação
Duas a três horas de duração e um ou dois dias de internamento é quanto demora esta intervenção. O pós-operatório não é muito doloroso e a dor é facilmente controlada com analgésicos por via oral. Os dois primeiros dias costumam ser os mais difíceis, depois o incómodo e as dores diminuem. A dimensão da intervenção e a maior necessidade de mobilizar os tecidos podem provocar maior desconforto e dor pós-operatória, embora dependa muito da paciente.
No entanto, o incómodo provocado controla-se com a medicação prescrita, ainda que a mama possa ficar mais sensível durante duas semanas. O penso é retirado ao fim de alguns dias, sendo substituído por um soutien especial. Os pontos são retirados entre 7 a 14 dias depois da cirurgia e o edema desaparece gradualmente entre três a seis semanas depois.
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As alterações que se verificam
É normal ter a sensibilidade mamilar alterada durante os primeiros meses após a cirurgia, que pode ir de uma diminuição até uma hipersensibilidade. Geralmente, até seis meses depois da operação, retorna ao normal. O que mais pode incomodar é a incapacidade de fazer certos movimentos. Francisco Melo refere que «a restrição de determinadas atividades, como conduzir, levantar pesos, fazer movimentos bruscos ou ginástica, está geralmente limitada às duas primeiras semanas».
«Embora seja variável», ressalva, contudo, o especialista. Durante um mês, é conveniente usar um soutien especial, que tem por objectivo a manutenção de uma compressão ligeira e limitar a trepidação, essa sim bastante incómoda. «Geralmente, aconselho o uso de um soutien de desporto no primeiro mês de pós-operatório e, no segundo mês, nos dias em que haja maior actividade», afirma Francisco Melo.
As possíveis complicações que podem surgir
Esta é uma técnica cirúrgica que tem indicações próprias, que quando bem seleccionadas tem poucas complicações. No entanto, como em qualquer intervenção cirúrgica podem existir complicações e riscos associados à operação. Este tipo de cirurgia, como qualquer outra, deixa cicatrizes que são permanentes e serão mais ou menos visíveis, mas que vão disfarçando com o tempo e podem ficar dissimuladas debaixo do soutien ou do biquini.
Os problemas de cicatrização são mais frequentes em mulheres com patologia associada e com hábitos tabágicos. «Um mês depois da operação, o edema reduz significativamente e pode avaliar-se o resultado da mastopexia, mas só passados seis a oito meses é que é possível ver o resultado definitivo, pois só nessa altura é que a forma, a retração da pele, a posição do mamilo e as cicatrizes estabilizam», diz.
«Embora a grande mudança se verifique por volta dos dois meses», esclarece, todavia, em jeito de alerta, Francisco Melo. A sensibilidade diminui no início, mas posteriormente vai-se recuperando. São poucos os casos em que não se consegue recuperar a sensibilidade totalmente. Mais uma vez, varia de mulher para mulher.
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As diferentes técnicas usadas
Os procedimentos mediante os quais se realiza esta intervenção classificam-se segundo o tipo de incisão usada e a escolha de cada um deles é determinada pelo grau de ptose, pelo estado da pele e pela forma do peito antes da operação. Uma situação que varia de mulher para mulher Estas são, habitualmente, as mais comuns:
- Aumento mamário com próteses anatómicas de projeção alta
De acordo com Francisco Melo, «é recomendada para mamas pouco caídas e quando se pretende também um aumento do volume da mama». As cicatrizes são mínimas, como as de um aumento mamário. Geralmente é uma cicatriz submamária ou peri-areolar de três a quatro centímetros.
É uma técnica muito procurada porque tem excelentes resultados e poucas cicatrizes. No entanto, à semelhança de outras, só pode ser usada em casos muito concretos. «Pode afetar a amamentação, dependendo da via utilizada», alerta o cirurgião plástico. O preço desta intervenção oscila entre os 5.000 € e os 6.000 €. O valor depende da clínica escolhida e/ou do profissional contratado.
- Pexia periareolar (com ou sem prótese mamária)
É indicada para mulheres com as mamas levemente descaídas devido à amamentação. A cicatriz fica em volta da aréola. A realização deste procedimento afeta a amamentação. O preço varia, em média, entre os 4.500 € e os 6.500 €.
- Vertical (com ou sem prótese mamária)
De acordo com Franscico Melo, «é a técnica mais usada nas mulheres que têm a mama ptótica e já não vão amamentar. Pode ser associada a um aumento com prótese». As cicatrizes situam-se em volta da aréola (que vê o seu diâmetro reduzido se necessário) e desde aquela até ao sulco submamário. Pode afetar a amamentação. O preço varia também, em média, entre os 4.500 € e os 6.500 €.
- Em T Invertido
É o procedimento usado para mulheres com uma mama grande e caída. A cicatriz tem a forma de uma âncora ou um T invertido. Combina a pexia com a redução mamária. É a técnica que deixa mais cicatrizes, em volta da aréola e desde esta até ao sulco submamário e no próprio sulco.
«Se a mama estiver muito caída e vazia no seu pólo superior, pode fazer-se uma remodelação do tecido mamário de modo a preencher esse pólo, não sendo necessário recorrer a uma prótese», explica Francisco Melo. Pode afetar a amamentação. O preço varia, em média, entre os 5.500 € e os 6.500 €.
Texto: Rita Caetano
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