Tal como o botox, o método de emagrecimento
com base em injecções de lecitina de soja, designado por Lipodissolve, revolucionou
o mercado.

O apelo é forte. Com meia dúzia de picadas esculpir um corpo perfeito
em tempo recorde, substituindo meses de trabalho intensivo no ginásio e a privação
dos prazeres à mesa. A adesão em massa levou-a a ser considerada, no início do século
XXI, no Brasil, a picada milagrosa do Verão.

No entanto, não há bela sem senão e a lipo light (outro dos nomes com que esta técnica foi apelidada) preocupa de tal forma a classe médica que a sua prática é considerada
ilegal pela Food and Drug Administration (FDA), agência norte-americana que regula os medicamentos.

Substância anti-gordura

Substância anti-gordura

Fosfatidilcolina. É este o nome do ingrediente que, além fronteiras (em Portugal, de acordo com o que conseguimos apurar, as principais clínicas de estética não recorrem a este tratamento), encanta homens e mulheres e dá-lhes, após apenas seis aplicações, o corpo com que tanto sonharam.
O medicamento mais usado para esta finalidade
é de origem italiana e alemã, chama-se Lipostabil e tem como base a fosfatidilcolina,
o principal componente da lecitina de soja que tem o poder de eliminar as células de gordura.

Curiosamente não é essa a principal finalidade deste medicamento: o Lipostabil foi testado e aprovado unicamente para tratamento
de doenças cardiovasculares, nomeadamente
para a eliminação da gordura acumulada
nas artérias.

No entanto, algumas clínicas de estética começaram a usar esta substância para obter resultados na eliminação dos pneuzinhos em zonas localizadas. Uma aplicação vista com desagrado por parte da classe médica, sendo a sua segurança posta em causa pelos especialistas.

O método

O método

Estas injecções são geralmente aplicadas em zonas onde a gordura se tende a instalar, como o abdómen, barriga e costas. A sua utilização é relativamente simples, envolvendo apenas a utilização prévia de uma pomada anestésica
para a zona a tratar. O processo é rápido, ainda que algo desconfortável.

Há registo de dor e comichão, seguidas do aparecimento de hematomas.
Uma injecção até dez mililitros de fosfatidilcolina
é aplicada, quinzenalmente durante cerca de seis sessões, na parte mais profunda da pele, atingindo as células adiposas. Aos poucos, a gordura é eliminada pela urina.

Para quem quer fugir a uma cirurgia (como a lipoaspiração) esta parece, à primeira vista, ser uma opção a equacionar. No entanto, os especialistas deixam um pré-aviso: a Lipodissolve não é a solução indicada para pessoas que sofram de obesidade ou com uma grande quantidade de gordura. Para além destas limitações, mulheres grávidas e pessoas com diabetes e indivíduos com problemas de coração não se podem sujeitar a este tipo de tratamento.

Veja na página seguinte: Os avisos das entidades oficiais

Alertas oficiais

Alertas oficiais

A ter em conta a posição da FDA, quem se deparar com a possibilidade de recorrer a esta técnica deverá nortear
a sua decisão pela prudência e resistir em pô-la em prática. Em Setembro de 2007, este organismo lançou o aviso e não foi a única entidade a fazê-lo: «Estamos conscientes da prática de Lipodissolve e a investigar e a avaliar a situação. Não é aprovado pela FDA».

Também, no início do ano passado, a Associação Americana de Cirurgia Estética sublinhava que «a segurança é o mais importante», aconselhando as pessoas
a «não recorrerem a estas injecções com produtos desconhecidos e não testados».
Reagindo contra as críticas, a Associação Americana de Lipodissolve defende que esta prática foi estudada por físicos qualificados nas áreas de Dermatologia, Cirurgia Estética e Medicina Interna.

Salienta ainda o facto de, até à data, terem sido já realizados mais de dois mil tratamentos de Lipodissolve nos Estados Unidos, com efeitos satisfatórios na ordem dos 90 por cento e sem efeitos secundários relevantes. Mas será que o desejo de um corpo perfeito compensa mesmo o risco?