Através de milénios, todas as civilizações manifestaram grande curiosidade sobre o mundo vegetal, reflectindo a identificação do homem com a natureza. Egípcios, gregos e romanos, por toda a sua história, acreditavam na magia das plantas e cultivavam-nas.
Os colonizadores das novas terras disseminaram a utilização de plantas suas conhecidas, que transportavam nas suas viagens e incorporaram, também, as tradições nativas com as quais se foram relacionando, descobrindo segredos de novos vegetais.
A utilização intuitiva da terapia vegetal atravessou milénios até ser confirmada pelas pesquisas científicas, que comprovaram a sua eficácia, utilizando-se dos recursos tecnológicos cada vez mais precisos, tais como cromatografia, micróscopia electrónica, avaliações microbiológicas, além dos testes farmacológicos e clínicos.
Nos últimos tempos, temos assistido a um crescente retorno à vida natural. Procura-se, cada vez mais, consumir alimentos integrais e naturais, e a prática de antigas filosofias orientais como a acupunctura, o do-in e a aromaterapia, entre outras, são comuns à nossa sociedade.
A homeopatia já é uma consagrada forma de terapia para recuperação da saúde. É incrível pensar que os constantes avanços da indústria química e da síntese de novos compostos conviva, neste momento, com a fitoterapia de tantos milénios, que tem conquistado um destaque cada vez maior.
De entre as diversas plantas utilizadas na medicina natural e na fitocosmética, uma das plantas que tem sido merecedora de grande atenção, pela sua elevada eficácia é a Arnica, que apresenta um grande leque de propriedades.
Ao contrário de outras plantas famosas, a Arnica era desconhecida de Hipócrates, pai da medicina (460/370 a.C.), e dos naturalistas gregos e romanos. Isto ocorreu porque esta planta não cresce nos países do Mediterrâneo, mas sim nas regiões montanhosas, mais ao norte da Europa, daí ter permanecido envolta em segredo, durante muitos séculos, pelos bárbaros.
No início do século XVIII a Arnica foi consagrada pela medicina oficial e é hoje considerada uma das plantas medicinais mais populares em todo o mundo. A sua coroa, de um amarelo vivo, atrai excursionistas e amigos da natureza no início do Verão, especialmente entre Junho e Julho, época da sua floração.
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Infusão
- 10g de flores em 150g de água a ferver, durante 10 minutos; para gargarejos, bochechos e banhos.
Tintura
- 20g de flores em 100ml de álcool 600 GL. Durante 10 dias.
Espremer e filtrar.
Conservar em vidro escuro.
A tintura deve ser diluída em 50ml de água.
Pode ser usada sob forma de compressas em equimoses, luxações, etc.
O seu extracto é indicado para aliviar dores e edemas decorrentes de contusões e entorses. É indicada ainda para combater hematomas, distensões musculares, dores reumáticas, flebite, afecções bucais e de garganta (para enxaguar e gargarejar). É usada também pela sua acção antifurúnculos.
Na fitocosmética, este extracto é indicado como estimulante do crescimento capilar (acção revulsiva) e combate o excesso de oleosidade dos cabelos (acção adstringente). Muito eficaz para a reabsorção de equimoses, comuns nos pós-operatórios das cirurgias faciais ou corporais (porém nunca sobre a pele ferida). É ainda indicada como descongestionante sob a forma de compressas frias, sobre as peles congestionadas.
O extracto de Arnica é muito valorizado na cosmética natural, onde é utilizado na formulação de champôs, loções capilares, sabonetes, géis, sob a forma de tintura hidroalcoólica ou extracto glicólico, em concentrações que variam de 2% a 10%. Em estética, a loção com Arnica é usada com frequência, também para diluir máscaras em pó.
Agradecimentos: Maria Rita Resende, professora, cosmetologista e fisioterapeuta
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