Não há uma receita certa, mas se ponderar bem, a frase 'não faça aos outros aquilo que não gosta que lhe façam' é capaz de ser a chave para o equilíbrio. Não queira sofrer do síndrome do cordão umbilical, até porque antes de serem um casal são pessoas individuais com determinadas caraterísticas, qualidades, defeitos, etc... É completamente normal que ambos queiram estar sozinhos de vez em quando sem que haja problemas por causa disso, que queiram estar com amigos, que queiram fazer as suas coisas ou cuidar daquilo que é vosso. Nem que não seja porque é impossível um casal estar 24 horas por dia! A vossa própria individualidade e privacidade não pode ser controlada nem invadida por ninguém porque, rapidamente, aquilo que é um relacionamento de amor e confiança passa a ser uma prisão. Pelo menos é suposto ser assim um relacionamento saudável...
O conceito de privacidade não deve ser confundido com o esconder algo do seu parceiro, mas sim cada um saber administrar a sua própria individualidade e terem espaço para respirarem sozinhos. Qual o mal de ele ir jogar futebol com os amigos ou ela ir ter com as amigas para colocarem a conversa em dia? Qual o problema de ir a um happy hour com colegas de trabalho ou ir ao ginásio? Lembre-se que tudo o que é feito a contragosto ou por frete irá tornar-se um peso a longo prazo e dará azo a cobranças desnecessárias do género “Eu fui contigo da outra vez por isso tens de vir comigo agora”. A sua individualidade é vital para a qualidade do relacionamento e é preciso compreender que se vive em grupos, que se escolhem pessoas para se partilhar e amar e que ambos podem ser compatíveis. O isolamento de um casal, para além de criar armadilhas constantes, pode deixá-lo “sozinho no mundo” se por qualquer motivo houver uma separação.
É importante reter que, mais do que querer controlar tudo o que o parceiro faz, é ponderar sobre a melhor maneira de manter sã a vida a dois: diálogo, bom senso, provar o seu amor com atitudes e gostar de fazer feliz a pessoa com quem está. Como diria alguém “Corpo não pensa, não fala e não demonstra sentimentos. As ações que vêm da cabeça... essas sim são mais importantes”.
Se nos focarmos em exemplos mais práticos, como é exemplo as passwords de contas bancárias ou até de redes sociais, o problema é a atitude que pode vir a ser tomada no futuro, ou seja, quando um dos parceiros começa a abrir correspondência do outro, a ler emails e/ou conversas alheias, onde gasta o dinheiro, enfim... o que até pode começar por mera curiosidade ou provocado por algum ciúme, passa facilmente a invasão de privacidade e quebra de confiança. E não, não confunda isto com o 'ter direito a'! Se tem ciúmes do parceiro ou se há alguma coisa que desconfie, a atitude a tomar é conversar/ esclarecer e se mesmo assim não estiver satisfeito com a resposta é ser assertivo o suficiente para sair de um relacionamento que não lhe faz bem e onde está descontente e não confia. Por outro lado, já imaginou ler uma conversa alheia sobre um problema pessoal de um amigo do parceiro? Pensa que tem direito a isso?
Na senda, há questões mais práticas do dia a dia, mas que são igualmente importantes a longo prazo. Coisas como entrar na casa de banho enquanto o parceiro lá está, por exemplo... claro que é importante que se ame o outro por aquilo que ele é, mas preservar a magia e romantismo de um relacionamento é de extrema importância. Tornar-se íntimo de alguém não é desmistificar uma pessoa tornando-a mais comum e humana e sim conhecer as suas limitações, fraquezas e angústias.
Episódios familiares também podem fazer parte do pacote, isto é, evite comentários com terceiros, uma vez que pode dar-se o caso dos mesmos começarem a opinar sobre a vossa vida privada. Não obstante, devem assumir o papel de autónomos junto das famílias de origem, para que não achem que fazem parte da vossa constituição familiar.
Em suma, é certo que não há regras específicas nem fórmulas corretas, mas o bom senso deve sempre reinar, nunca deve agir de forma a que não gosta que ajam consigo e, em caso de dúvida (qualquer que seja o teor), fale sempre com o seu parceiro.
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